༆ XIX

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4624 palavras amores, obgda por todas as msgs de carinho e meu amigo já tá melhor, muito obrigada por se preocuparem

hoje o surto vem

Fiz esforço para não socar a parede de pedra a minha frente. Estávamos a uma hora ou mais tentando abrir a porta e nada, nem um sinal de como conseguir tal coisa. Renard já havia sobrevoado o templo, mas não havia entrada nem mesmo por cima.

— Alyn, tente algum feitiço, você é boa com eles. — Ystria pede se sentando e encostando as costas na pilastra de pedra.

— Renard, me passa o livro. — Peço derrotada, havia usado o fogo em minhas veias para retirar as camadas de vinhas da porta. Renard estava fazendo uma inspeção minuciosa da parede, mas logo me jogou o livro com capa de couro gasta.

Procurei por algumas páginas e logo estava revirando o livro. Seria inútil usar qualquer feitiço de abertura sabendo que Helion é conhecido por ser bem cuidadoso com os seus. Principalmente depois de Amarantha, apostaria que o mesmo havia desenvolvido um sistema de feitiços para todas as bibliotecas. Me sentei no chão e continuei folheando.

Foi então que nas últimas páginas, nos feitiços que nem mesmo Renard se atreve eu achei. Um feitiço antigo e aparentemente poderoso, esse seria necessário alguns ingredientes. Puta que pariu, eu realmente iria fazer isso?

— Achei um, mas para fazer vou precisar de ajuda. — Digo me virando, Ystria indica para que eu continue: — Preciso de coração de boi, elfos negros, fibra de coração de dragão, ossos moídos e unha de sereia. Vocês ficam aqui enquanto eu pego tudo? — Mordo o lábio inferior enquanto olho de um para o outro. Ystria parecia chocada e confusa, enquanto Renard parecia debater se eu estou louca ou não.

— Fibra de coração de dragão? — Diz tomando o livro de minha mão e lendo o feitiço.

— É o que está escrito aí. Vou buscar o coração de boi e fibra de coração de dragão, vocês podem ir até a aldeia e buscar ossos moídos, unha de sereia e elfos negros, que tal? — Digo me erguendo do chão e passando a mão no fundo da minha calça, Renard havia conseguido roupas normais para nós ontem mesmo.

— Você não vai sozinha, sabe que está sendo caçada. É perigoso. Ystria pode ir pegar os três enquanto eu e você vamos para a floresta pegar o resto. — Renard retruca me devolvendo o livro. Nego com a cabeça, os meus são fáceis de pegar. Ossos moídos, unha de sereia e elfos negros são difíceis de achar já natureza, já os outros não.

— Vocês dois vão buscar os mais difíceis. Eu não vou muito longe, está vendo aquela floresta apenas alguns metros da gente? — Aponto. — Os meus ingredientes estão ali, tenho certeza. E os que não estiverem vocês vão conseguir, não se preocupe. Qualquer coisa eu mando um sinal de fumaça. — brinco me afastando em direção ao pequeno bosque. Consigo ouvir Renard resmungando e sinto o olhar dos dois me acompanhando até que eu entre no meio das árvores, a grama alta me rodeando e enroscando em minhas pernas.

Essa é a primeira vez que entro em uma floresta depois de minha fuga. Os sons do bosque poderiam causar medo em alguns, mas não em mim. Ouvir a floresta me faz sentir viva como nunca antes. O gosto agridoce da lembrança do dia em que eu finalmente percebi estar livre. E eu amo essa sensação.

Continuei caminhando com calma entre as árvores e os arbustos até que cheguei em um córrego pequeno que cruza o bosque, pude perceber que minha busca seria bem mais difícil do que esperei, mas eu não desistiria.

Essa é a primeira vez que fico sozinha em semanas, adoro a companhia dos outros, mas sinto saudade de colocar minha mente em ordem sem a presença de ninguém. Eles são muito espaçosos, sempre estão em todo lugar. No navio eu nunca estava sozinha, depois chegamos na Diurna e também não fiquei sozinha, e quando tive a crise todos decidiram grudar em mim. É como se eu estivesse sempre precisando ser protegida. Exaustivo.

A Court Of Fire and Shadows [comeback]Where stories live. Discover now