༆III

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112 anos atrás.


Alyn estava sozinha em sua cela, comemorava seu décimo aniversário. A mãe havia ido lhe ver mais cedo e lhe presenteou com um filhote de raposa, presente de sua mãe. Estava sentada na janela observando as estrelas. Cada uma delas parecia brilhar especialmente para Alyn, a pequena sorriu para a imensidão escura a sua frente.

As nuvens pareciam ter evaporado e não havia uma sequer no céu, algo raro na Corte. A criança teve que se segurar ao se desequilibrar com susto. A porta da cela havia sido praticamente arrombada e Alyn viu passar sete jovens quase na idade adulta igualmente ruivos e pálidos. Os grandes olhos azuis se arregalaram em surpresa e seu sorriso se alargou.

Achava que os irmãos haviam ido comemorar junto com ela.

Enganou-se redondamente, Eris, o mais velho, estava liderando o pequeno grupo. O sorriso perverso em seu rosto transparecia que nada de bom sairia daquela visita. Dito e feito.

Eris fez um sinal para dois dos seis garotos atrás de si e rapidamente eles foram até Alyn e lhe levantaram. A mais nova tentou se soltar do aperto nos braços, mas os dois apenas apertaram mais fazendo lágrimas brotarem nos olhos azuis da menina.

por favor me solta - pediu frágil, estava se controlando para não chorar. Não queria demonstrar fraqueza para eles no dia de seu aniversário.

ora, irmãzinha, viemos dar parabéns - Eris da um passo a frente, ficando a um palmo de Alyn - olhe pra você, a doce e pequena Alyn está chorando por não conseguir se soltar - cuspiu palavra por palavra com prazer enquanto lágrimas quentes escorriam pelo rosto delicado da menina.

- ela é patética, não deveriamos perder tempo aqui - é Urie quem diz. Alyn conhecia apenas o nome de três de seus irmãos, Lucien, Eris e Urie, dos outros quatro não se deu ao trabalho de saber.

- e qual seria a graça disso, querido irmão? - o mais velho respondeu sem nem sequer olhar para o outro. O sétimo filho, Lucien, estava presente no canto do lugar, atento ao filhote na cama.

- então faça logo antes que ela resolva gritar.

- com todo prazer - chamas brilharam nas mãos do herdeiro mais velho e medo perpassou em Alyn que se debateu tentando fugir. Não imaginava o que o irmão iria fazer, mas também não iria arriscar virar assado.

Os esforços enfim foram em vão, em um movimento rápido e controlado Eris pegou os lindos cabelos acobreados de Alyn e queimou.

Queimou mais da metade do cabelo da menina que se debatia e implorava para que parassem. Naquele dia Alyn teve a primeira demonstração do quão cruel os irmãos poderiam ser e chorando ao pé da janela pediu força e coragem para as estrelas.

[...]

Alyn P.o.v
Atualmente.

Não acreditava. Não podia ser. Claro que todos naquele lugar eram podres, mas nesse nível...?!

Renard tinha que estar mentindo, Eris podia ser o pior tipo de pessoa, mas tinha que ter alguma decência. Ele ajudou na guerra e se recusou a ajudar a matar jesminda, ele não deveria ser alguém bom?!

Burra. Deixe de ser burra.

Ou eu sou exatamente isso, muito burra, ou Eris está me testando. Não poderia me vender, não tenho utilidades e nem conhecimento. De quê serviria mais uma boca para alimentar?!

Estava andando de um lado para o outro no quarto. Quando Renard me contou o plano de Eris foi impossível não ficar surpresa. Ele teria sangue frio o suficiente para vender a irmã mais nova como se eu não fosse nada mais que uma mercadoria, um objeto de troca.

Tudo bem que não temos a melhor relação de irmãos que alguém poderia querer, mas...

- definitivamente não sei como você é tão esperta em alguns momentos e tão lerda em outros - Renard diz com desdém pelo laço. O ignoro e continuo com meus pensamentos.

- pode por favor, parar de desdenhar de mim?! - praticamente gritei. Odiava isso. Mas o que eu poderia fazer?! Vão me usar, me mandarão para uma terra distante junto de um macho que eu sequer sei o nome.

E eu continuo em negação, porquê não poderíamos ser apenas uma família normal?! Sem Corte, sem interesses, sem ganância, sem jogo de poder?! Só vivendo um dia de cada vez.

Observo o quarto em que me colocaram. As paredes pintadas com um azul esverdeado e detalhes vermelhos, alguns objetos de valor em cima de uma cômoda ao lado da lareira acessa. O lustre dourado com arabescos em forma de folha, a insígnia da Outonal. Abracei meu próprio corpo.

Renard disse que o príncipe não era de Prythian, então as chances de um dia colocar os pés nas outras Cortes são inexistentes. Minha maior preocupação é o tipo de pessoa que esse príncipe é, ele pode muito bem ser pior que Eris, Beron e todos os outros junto. Ou ele pode ser tão bom quanto... Ele pode ser bom como minha mãe?

Olho para Renard agora encima da cama.

- Eris está vindo, o baixe a guarda e o deixe nada do que ele disser te abalar, ao menos na frente daquele verme - assinto em concordância mesmo sabendo que no primeiro xingamento as lágrimas brotarão em meus olhos.

Ouso o som da porta abrindo e rapidamente me viro vendo Eris me olhando. O nojo em seus olhos deixava claro o quão superior ele era, ao menos para mim.

- vim conversar,querida irmã. - travo o maxilar e espero seu próximo passo - não fique tensa, sabe que nunca faria mal a minha irmãzinha, não é?

- vá direto ao assunto Eris - digo impaciente. Não gostava da forma superior como ele sempre me olhava, contive a vontade de encolher sob seu olhar.

- é claro - diz - um príncipe de terras distantes está a caminho da Corte para lhe conhecer então vim avisar que a partir de agora todos os seus movimentos fora desse quarto serão monitorados minuciosamente e se ao acaso tentar fugir aprenderá a nunca ir contra a minha palavra.

- por que...? - indago com um fio de voz - por que quer que ele me conheça? Eu passei cento e dezessete anos, onze meses e quinze dias presa não que eu estivesse contando, então me diga, por que agora?!

- quer saber o porquê? - debochou com uma risada seca. Em seus olhos a chama gélida tão conhecida por mim brilhou e meu poder rapidamente serpenteou sob minha pele - você nasceu apenas para isso e continua viva por isso, vai ser a vadia de quem oferecer mais vantagens a Corte, e nada mais por quê é isso que você é, uma vad...

Não o deixei continuar. Em um momento eu estava parada e no outro estava enforcando Eris contra a porta. Aproximo minha boca de sua orelha sem desfazer meu aperto. Ele poderia tentar escapar, mas eu sou por alguma razão mais forte.

- se querer ser livre é ser vadia, se sonhar é ser vadia, se ser uma fêmea com poder para destruir você é ser uma vadia, se querer lutar pela minha liberdade é ser uma vadia - dou uma risadinha meiga, que a anos aprendi ao observar Nyara. Minha pele estava quente, eu sentia minhas chamas implorando para sair e lhe queimar igual ele teve o prazer de fazer comigo quando éramos crianças. Mas não lhe daria esse gostinho de me igualar a ele -... eu sou a pior vadia que já colocou os pés nessa terra e torça para não estar no meu caminho se eu decidir acabar com esse joguinho de poder.

Ok ok, eu deixei esse meio grandinho perdão, mas aproveitem o cap bônus de 500 views, provável do próximo demorar um pouco, maaaaaas até lá vocês podem me contar o que acharam desse...

Te falar, AMEEEI escrever Alyn power bitch e eu não sei se vocês vão perceber o verdadeiro motivo por trás do que faz ela ficar assim. Teorias e teorias, vão acertar de primeira.

See u later
Xx

A Court Of Fire and Shadows [comeback]Dove le storie prendono vita. Scoprilo ora