capítulo 22: o ápice

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Durante a noite, eu me enfio em uma camiseta lilás e em jeans confortáveis, antes de seguir para a casa ao lado.

Tomei essa decisão depois de repensar muito e preciso realmente encontrar certo ruivo para esclarecer o que tanto tem me incomodado ultimamente.

Desde que descobri que ele é o autor das cartas, tenho experimentado uma série de sensações que vão do choque até algo que não quero admitir.

Quando toco a campainha da casa bonita, não demora muito para alguém abrir a porta.

— Nora? Você por aqui! — o Sr. Hartley parece surpreso.

É... Eu realmente não vim a sua casa nos últimos dias e deve está surpreso com minha repentina aparição.

— Olá, Sr. Hartley. — sorrio. — Caden está aí?

— Hm, sim. Só eu e ele. Diana viajou. Entre, querida. — abre espaço para mim e logo estou dentro da construção familiar.

August Hartley é tão amável quanto sua esposa e me trata como se fosse sua filha, afinal nossas famílias são muito apegadas e isso desde muitos anos.

— Ele está no quarto dele. Provavelmente mexendo no celular. — ele sorri.

— Tenho certeza que sim. Eu vou lá então. Com licença. — esboço um sorriso antes de subir a escada.

Não demoro muito para encontrar o quarto e esmurro a porta levemente.

Meus batimentos aceleram e me esforço para manter o controle quando a porta se abre finalmente, revelando uma silhueta tão conhecida.

Não é fácil admitir isso, mas eu estava com saudade de vê-lo. É reconfortante depois de tudo.

— Nora? — seu semblante é até mais espantado que o do seu pai quando abriu a porta ainda há pouco. Eu diria que Caden está chocado, como se estivesse vendo um fantasma.

— Hm, sim. — pigarreio, sem jeito. É estranho olhá-lo depois de tantos dias. Ele continua da mesma forma que da última vez que o vi.

— Oh. — é sua única palavra e ele abre espaço. — Entra.

— Obrigada. — observo o cômodo organizado. Caden nunca gostou de bagunça. Mesmo quando era criança sua mãe não precisou repreendê-lo por não arrumar o quarto. Essa é uma das coisas que mais admiro nele.

— O que houve? Não estava com um ódio mortal de mim depois de... você sabe? — ele se recosta na parede, cruzando os braços contra o torso coberto por uma camiseta preta.

É tão lindo, tenho que admitir.

Balanço a cabeça para afastar o pensamento, então encolho os ombros.

— Não te odeio. — confesso. Ele estreita os olhos, desconfiado. - Quer dizer, me senti traída pelo meu melhor amigo, mas não ao ponto de odiá-lo. Só precisei desse tempo pra pensar, e chega de adiarmos isso. Precisamos esclarecer tudo, inclusive... — hesito.

— O quê? — ele descruza os braços e se aproxima um pouco. Estamos no centro do cômodo espaçoso, mas sinto-me dentro de uma caixa minúscula. O espaço se tornou pequeno, preenchido por tantas sensações.

— Por que não me disse ser o autor das cartas anônimas que chegavam para mim? — ele fica pálido. — Por que precisei saber disso por Arthur?

— Arthur? — questiona surpreso, então resmunga baixinho: — Aquele traíra!

— Não, não é. Ele só esclareceu minha dúvida. E olha que foi difícil tirar alguma coisa dele. Arthur, de alguma forma, só quis te ajudar.

— Me ajudar como? — ele se aproxima mais e sua voz fica mais alta. — Me ajudar a ganhar sua raiva? Seu desprezo? — fico surpresa com sua reação. — Responde, Nora. Ah, quer saber? Eu realmente escrevi as cartas e não me arrependo!

Ele Não Me AmaWhere stories live. Discover now