capítulo 15: isso é um problema

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Do que você está falando? — repito, atordoada.

Como assim Caden terminou com ela?! Ele disse que havia sido justamente o contrário e até se embriagou. Ele parecia arrasado e resoluto sobre recuperar a ex-namorada. Inclusive pediu minha ajuda para isso, e agora descubro que tudo não passou de uma mentira com um propósito desconhecido?!

Não pode ser!

— Por que o espanto? Você devia saber disso, com certeza. Caden terminou comigo naquela maldita festa, da forma mais fria possível. Simplesmente me dispensou. Disse que não dávamos mais certo e saiu. Estávamos tão bem no começo da noite, que eu mal imaginava que tudo isso ia suceder, mas aconteceu. E aposto que você está muito feliz em saber disso, né?

— Meu Deus! — cubro a boca com as mãos, chocada. É muita informação para digerir. — Caden me enganou!

— Como assim? — estreita os olhos.

— Ele disse que você tinha terminado com ele porque não suportou seus ciúmes.

Ela ri sem humor, balançando a cabeça.

— Oh, que mentira! Caden nunca demonstrou sentir ciúmes de mim, o que era bem estranho. Não sei por que ele contou isso, e vou tentar deixar pra lá e seguir minha vida. Espero que ele te dispense em breve, queridinha. Acho que não vai demorar muito. Um relacionamento que começa com mentiras não é nada saudável. — com um último olhar de desprezo, Tamara deixa o banheiro.

Fico para trás, pensando em tudo o que acabou de acontecer; nas descobertas que fiz. Chego a uma conclusão assim que as lágrimas molham o meu rosto.

Preciso de uma explicação!


***


Depois que consigo me recuperar do choque anterior, deixo aquele banheiro com a mente completamente confusa. Não deixo Caden reclamar da minha demora e nem sei como consigo olhar para seu rosto quando me aproximo.

— Podemos ir para casa? Estou me sentindo mal. — murmuro, encarando-o.

Como você pôde mentir para mim, Caden? Como pôde destruir minha confiança e me fazer de boba? Qual o propósito disso? — penso, mas decido não expor meus pensamentos. Não agora.

— Está sentindo dor? — seu semblante fica preocupado.

— Sim, muita dor de cabeça. — minto, apesar da minha enxaqueca já está querendo dar as caras depois dos acontecimentos recentes.

— Vamos. — sigo atrás dele, tentando colocar minha cabeça no lugar, mas isso é impossível.

Estou completamente desestruturada, e não vai demorar muito para eu desabar.

Quando entramos no carro, respiro fundo, esperando ele dar partida. Acho que ele percebe que algo está errado, porque fica em silêncio e parece tenso. Disfarço minhas lágrimas traiçoeiras, conforme nos aproximamos do meu bairro.

É torturante ficar tão perto do garoto em que depositei minha confiança. Segui o plano de Caden, pensando que poderia vê-lo feliz depois, mas ele me enganou desde o início e eu só queria saber o porquê de tantas mentiras. Como ele pôde ser tão dissimulado?!

— Para o carro! — peço com urgência quando estamos a poucos metros da minha casa. Ele faz o que pedi, estacionando próximo a uma pequena praça.

— O que foi? — ele continua olhando para a estrada. Está visivelmente tenso. — Por que paramos aqui? Não está com dor de cabeça?

— Ainda não percebeu? — minha voz é irônica. — Você não tem nada para me dizer, Caden Hartley?

Ele volta os olhos para o meu rosto alterado. Sou capaz de sentir minhas bochechas arderem de raiva.

Seus olhos clareiam quando entende que foi pego.

— Nora, eu posso explicar.

— O quê? — grito. O som fica alto demais no interior do carro. — Por que me fez de boba desde o início? Pensou que eu não ia descobrir? Tamara me contou tudo no banheiro. Contou que não terminou com você. Foi justamente o contrário.

— Me desculpa. Não fiz por mal.

— Mentira nenhuma pode ser justificada. Não uma dessa dimensão. — exponho, aborrecida. Meus olhos estão marejados e não me importo de parecer tão vulnerável na frente dele. — Pensei que estava te ajudando o tempo todo, mas no final quem estava sendo enganada era eu. Como fui burra por acreditar em você!

— Ei, me deixa falar. — sua mandíbula está apertada. Ele tenta tocar meu rosto, mas empurro sua mão. — Eu menti sim, mas juro que foi por uma boa causa. — balanço a cabeça em negação. Como ele é cínico! — Droga, Nora, eu realmente não quis te machucar. No começo quase perdi a coragem de fazer isso, e o álcool me impulsionou a ir até o fim. Quando me dei conta, já não podia voltar atrás e percebi que estava funcionando.

— Claro que funcionou. Caí direitinho na sua história. — desvio o olhar do seu rosto. — Então se não queria recuperar Tamara, qual era o objetivo? Só me fazer de idiota? Brincar comigo?

— Brincar com você? O meu propósito nunca foi te machucar. É que... — ele respira fundo, então suas próximas palavras me deixam sem fôlego. — Eu te amo. — sussurra. — Eu sempre te amei, Nora.

Ele me ama?! Ele realmente me ama?

Isso é real ou apenas uma ilusão criada pela minha mente criativa?

Recupero-me do choque logo depois.

— Como amigo, né?

Mesmo assim, estou tensa para ouvir sua resposta.

— Amigo? Muito mais do que isso. Eu te amo como um cara ama uma garota. Você acha que se eu quisesse ser só seu amigo, eu ia te beijar como se precisasse disso pra respirar? — fico sem palavras. Meus olhos estão turvos pelas lágrimas, e um soluço escapa dos meus lábios. Ele está dizendo tudo o que eu sempre quis ouvir, mas... — Nunca conseguiu enxergar que sempre fui louco por você? Desde muito tempo quis te confessar isso, mas não consegui. Pensei que fosse se afastar se eu contasse, então deixei pra lá. Tive a ideia de mentir sobre recuperar Tamara, então pensei que assim poderia fazer você se apaixonar por mim.

Se ele soubesse...

— Sempre me amou? — minha voz está embargada. Não consigo parar de chorar. Como nunca percebi que ele gostava de mim? Acho que da mesma forma que ele não percebeu que também gosto dele. Mesmo assim, isso não apaga a mentira e o caos que ele causou na minha mente.

— Sim. Há muito tempo sinto isso. No começo, não entendi bem o que era, mas depois me dei conta. — ele tenta acariciar meu rosto, mas me esquivo, fazendo-o recuar um pouco, desapontado. Ele encara o volante, apertando o mesmo com força até seus dedos ficarem vermelhos. — E acho que não é reciproco. — sussurra tão baixo que mal escuto.

— Se me ama, então por que ficou com Tamara e sempre desfilava com garotas na minha frente?

Ele respira fundo, então me encara outra vez. Não consigo desviar o olhar do seu rosto magoado.

— Antes de você deixar de falar comigo para sempre, posso revelar um segredo?

Segredo? Outro?

Hesito antes de responder:

— Sim.



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Ele Não Me AmaWhere stories live. Discover now