Ele Não Me Ama

capítulo 10: caminho sem volta

Acertei quando disse que o meu namoro com Caden seria o assunto mais comentado dia seguinte. Os alunos estavam agitados e me encaravam com curiosidade conforme eu atravessava o corredor. Algumas amigas de Tamara me lançaram olhares de desprezo, mas não foram corajosas ao ponto de se aproximarem, enquanto outras pessoas pareciam apreciar um conto de fadas.

"os melhores amigos que supostamente se apaixonaram" é, inegavelmente, o assunto mais comentando.

Se Caden fosse apenas um garoto comum, os alunos mal notariam. Mas sua popularidade colocou o assunto no auge da fofoca.

— Bem que eu estranhava os ciúmes do Caden. É claro que tinha que ser isso. — ouvi um garoto comentar no corredor.

— Eles combinam. — outro disse.

E assim eu passei boa parte do dia, escutando cochichos do tipo:

— Como eles puderam fazer isso com Tamara?

— Nora é uma sonsa.

— Nora é mais bonita que Tamara. Então compreendo o interesse do Hartley.

— É um casal tão diferente!

E assim sucessivamente.

— Ei. — Caden me aborda na aula de biologia.

Ele puxa sua carteira para perto da minha.

Sou capaz de sentir diversos olhares sobre nós.

— Todos estão nos encarando agora. Nem sei como reagir. — murmuro, envergonhada.

— Também estranhei, mas depois vão esquecer, e tudo vai voltar ao normal.

— Voltar ao normal? Acho difícil. Imagina se eles descobrem que é tudo uma menti...!

— Você está linda hoje. — beija minha bochecha, interrompendo minhas próximas palavras.

Congelo, então volto os olhos para a porta da sala, reconhecendo Tamara, Cinder, e outras duas garotas. Elas acabaram de chegar e ignoram o olhar repreensivo do professor antes de tomarem seus assentos.

— Tenta pelo menos fingir que está apaixonada por mim. — Caden sussurra em meu ouvido.

Se ele soubesse que eu nem preciso fingir...

— Certo, querido. — pisco de forma exagerada, e ele segura o riso. — Vamos ao cinema hoje, depois da escola?

— Claro, minha linda. ­— tento não corar com suas palavras, lembrando que tudo faz parte do plano. Ele se inclina um pouco, sussurrando em meu ouvido. — Você está sendo uma ótima atriz.

— Não estou mentindo sobre ir ao cinema. — sussurro de volta. — Quero mesmo ir. Vai estrear um filme de romance muito bom.

— Sério? — faz uma careta assustada à menção da palavra "romance".

— Seríssimo. E você vai ser um bom garoto e pagar os ingressos.

Ele assente.

— Tudo bem, mas você bem que podia escolher outro gênero de filme. — tenta me convencer.

— Nada disso. Quero assistir o filme de romance. É a adaptação de um dos meus livros prediletos.

Suspira frustrado com a minha resposta

— Certo, cachinhos dourados. Vou suportar tudo por você.

Detecto certa ambiguidade em suas últimas palavras, mas não perco muito tempo pensando nisso.