capítulo 5: ponto de partida

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Eu me esgueiro através da multidão de adolescentes. Não consigo contar a quantidade de cotovelados ou cantadas idiotas que recebo, mas são muitas.

Quando um garoto tenta colocar a mão boba em minha bunda, Connie, como minha fiel defensora, dá um soco na mão do garoto que se afasta. Sorrio para ela.

— Isso aqui é uma selva. — comenta aos gritos.

O som está extremamente alto, e a analogia de Connie é perfeita. Aqui é uma verdadeira selva, tomada por jovens descontrolados.

— Tem razão. — grito de volta.

— Vamos buscar bebidas. — ela me empurra entre a multidão, até chegarmos a uma cozinha enorme.

Há copos vermelhos por todos os lados, casais aos beijos, garotos rindo, aparentemente bêbados. Alguns deles nos lançam olhares maliciosos, mas ignoramos. Connie segue até o barril de cerveja depois de conseguir um copo limpo.

Eu a observo em silêncio.

— Acho que tem refrigerante na geladeira, amore. Pega aí.

— Eu me sinto meio mal por mexer em algo que não é meu. — murmuro, mas já estou abrindo a geladeira atrás de alguma bebida sem álcool. Encontro refrigerante, felizmente. Lavo um dos copos vermelhos que estão jogados sobre a mesa e o encho com a bebida.

— Vem. Vamos movimentar nossas bundas. — Connie me puxa de volta para a sala.

Minha amiga é fraca para o álcool e, sempre que bebe, acaba se animando rápido demais. Em poucos minutos, já está se movimentando com a música e desce até o chão, revelando demais. Os caras ao redor praticamente babam, e tenho que puxá-la quando um deles se aproxima.

— Ei, amiga. E Anthony? — falo em seu ouvido.

— Não sei onde ele se meteu. Acho que não vem. — bebe seu quinto copo de cerveja. Eu me surpreendi com a rapidez com que ela conseguiu isso.

— Tony deve está por aqui. — murmuro, procurando o garoto com o olhar. Volto a encará-la. — Não acha melhor pegar leve com a bebida? Você já bebeu demais.

— Só estou me divertindo, Nora. Relaxa. Só segue o ritmo. — ela se movimenta com a música agitada.

Balanço a cabeça.

Estou preocupada com a minha amiga, e é difícil me divertir assim. O ambiente fechado e cheio de pessoas está me incomodando a um bom tempo, mas preciso ficar de olho em Connie. Ela nunca bebeu assim antes e algo em seu semblante denuncia o quanto está triste por Tony não ter aparecido. Eu me sinto mal por ela, porque sei que gosta do garoto, mas ele sempre dá essas mancadas.

Depois de várias músicas, Connie já está chorando em meu ombro. Eu a levo para perto das escadas, onde sei que não há tantas pessoas.

Abraço-a.

— Ele não apareceu porque me odeia, Nora. Me odeia porque sou gorda! — soluça.

Puxo seu rosto, encarando seus olhos tristes com firmeza.

— Não fale como se o fato de você ter um quilinhos a mais fosse um problema. Você é linda, Connie Wilson; a garota mais linda que já vi. E se o Anthony tem vergonha de você, ele é um imbecil e não te merece. Não percebe a quantidade de caras que te olham com desejo? Onde está a garota que me disse que não ligava para opiniões? Ainda não percebeu que é perfeita?

Ela para de soluçar, abraçando-me mais forte.

— Obrigada, amiga. Às vezes ajo como uma idiota, mas ainda bem que tenho você.

Ele Não Me AmaWhere stories live. Discover now