Manhã de sexta

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Manhã de sexta

Vou começar essa história assim, dois amigos amigando...

(Não, apaga)

Coloca assim, dois melhores amigos amigando...

(Assim tá ótimo)

Sorriem e num deslize perdem seus olhares nos sorrisos que já ficam sérios.

(Isso tá bacana?)

Quando se notam umedecem seus lábios coagidos por seus próprios pensamentos...

(Eu achei bacana)

Olhos fixos na parede, reprimir é preciso.

(Isso dói...)

De escape se olham envoltos em um papo que já nem faz mais sentido.

E por fim, enfim seus olhos se encontram novamente.

(Shii)

De repente repúdio, o papo tem continuidade, agora de costas.

Até que naturalmente seus sorrisos se encontram.

(Ai, eu gostei disso)

A boca silencia dando voz a alma que grita liberdade naquele momento.

(O que cê acha dos lábios se encontrarem agora, tá muito rápido?!

Vou tentar...)

E então seus lábios se encontram rapidamente, tão súbito quanto o arrependimento.

Mas por fim, a alma tem mais que voz. Então dois corpos compartilham reticências...

(Eu achei maneiro, sei lá, parece cena de um filme, diz ai!)

Quando eles se permitem tudo flui, os toques, beijos, os cheiros...

(Mano, eu consigo sentir o cheiro, mano.)

As declarações em forma de confissões, o desespero por ser entendido, até que a alma já não tenha mais voz, e num ritmo genuinamente deles vão levando à noite.

(Essa palavra tá em alta, agora... acho chique genuinamente)

Até que amanhece, como algo proibido se encontram entregues um ao outro, resquícios de uma noite vivida por almas, e a manhã de sexta vai tomando forma, suas almas se apegam a momentos verdadeiros em uma sala escura, ate uma próxima noite de liberdade, com esperança de um dia ela ser detentora da luz, sem repressão, e por fim, SER.

(Cara, eu achei, sei lá... É o que tem pra hoje.)

Marcone Ricardo Pereira

Vozes da alma Where stories live. Discover now