Zero absoluto

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Para subir uma escada, você precisa começar da base, talvez o primeiro passo demore mais que o seguir, a força exercida sobre a inércia de nosso estado é algo admirável, de fato é tão lindo quando o desabrochar de uma flor.

E assim naturalmente vamos seguindo, um passo de cada vez...

Ás vezes seremos pegos por alguns gatilhos, mas eles são importantes, nesses momentos eu paro, e olho pra trás, pro tanto que caminhei até ali. A dor do seguir é vasta, mas a cada passo sou uma nova pessoa, e vou deixando pra traz um versão desatualizada de mim, como uma peça que não me cabe mais.

Hoje listei alguns gatilhos, e é lindo como cada um deles têm uma história linda pra contar. A garrafa com água, a pipoca no armário, o chá de gengibre, o iogurte caseiro. É como se tudo tivesse parado no tempo, como se em algum momento dessa existência a história fosse voltar ao seu curso natural. E eu já nem sei qual o seu curso natural...

Tudo estava frio, muito frio, a minha volta. Teu abraço me aqueceu, não só corpo.

Teu cheiro me envolveu como num conto que só tu sabia contar, mas teus olhos eram outros, eu já não via mais teu sorriso, e ele era tudo o que tinha de ti, e por fim me vi sem ti e tudo voltou a ser frio, como antes.

Como disse Albert Einstein, o frio não existe, se dá apenas por uma reação a ausência de calor.

E por fim nossa história se tornou lei da física. Que eu custo a aceitar.

A saudade me abraçou apertado, e eu ainda sinto frio, ou tua ausência.

Marcone Ricardo Pereira

Vozes da alma Where stories live. Discover now