O fim da vida

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Vejo muita gente falando de futuro, planos e metas... um pessimista não planeja um futuro, ele sonha com o fim da vida.
Eu vejo meu fim da vida, sentado numa cadeira de rodas embaixo de uma sombra de árvore, com alguém me dando comida na boca, fazendo minha barba ou cortando meu cabelo. Vejo alguém me dando banho, movimentando o fardo da minha existência para um lado e para o outro, me limpando e trocando minhas roupas. Me vejo novamente na sombra daquela velha árvore, refletindo sobre minha existência, meu significado no mundo... eu olho aquela árvore e penso: ela, mesmo velha, tem utilidade, me proporciona sombra e uma linda melodia dos seus troncos velhos se retorcendo. E eu? Qual a minha utilidade?
Eu reflito mais e mais sobre minha existência, penso nos beijos que dei, penso mais nos que não dei!
Penso no meu primeiro amor, o quando ele me fez útil. Penso nos filhos que não tive, nos sorrisos que arranquei, nas lágrimas que fiz caí...
o Sol se põe, sou arrancado dos meus devaneios, deixando minha alma viva lá, sonhando.
Como todos os outros dias, sopa quente antes de dormir.
Mas eu não quero dormir, nunca gostei de sopa!!!
Mas eu não posso falar, meus travesseiros e minha cama já estão prontos, há muitos remédios pra engolir...  e como um boneco de ventríloquo depois de um espetáculo sou deixado ali, algo transborda da minha existência, escorre pelos meus olhos.
Tudo pronto pra um outro dia silencioso, e como um castigo esse dia com certeza chegará!

Marcone Ricardo Pereira

Vozes da alma Onde as histórias ganham vida. Descobre agora