Ego

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Hoje eu vim falar de mim outra vez, vim falar de mim no mundo. Tem sido dias difíceis, dias frios que tem me feito refletir bastante acerca do meu sentido na vida.  Hoje eu tenho mil anos, viver é dádiva ou castigo?
Vejo muitos dos que já se foram, e pra mim essas pessoas faziam tanto sentido. Certamente elas fariam diferença nesse mundo cinza.
Vejo prodígios, religiosos, sábios, crianças, humanos...
Todos se foram, tornando cinza outra vez esse mundo frio.
Queria ver sentido em mim, queria ver sentido através da minha existência tola.
Afinal viver é dádiva, ou castigo?
Sigo sem respostas, levado pelo sopro gélido do destino. Antes passado de mão em mão... hoje desbravo os chãos.
Eu costumava olhar pra cima, pro alto dos prédios cinzas, mas qual a beleza desses vários tons. Fui ensinado a ter os pés firmes no chão. Preciso sentir a energia da terra, envolvendo o meu corpo... mas outra vez, me deparo com o chão.
Queria ver sentido em mim, queria ver sentido através da minha existência cinza.
Chove um pouco no fim da tarde, nem sei onde é abrigo, além de mim.
Mas sou tempestade, sou frio e confusão.
Lembro com carinho dos meus que se foram, mergulho no mar do meu interior, em busca de um mundo colorido que só existiu em mim, através deles...
mas não encontro nada, absolutamente nada, além de solidão e cinza.
Eu tenho mil anos, e vivo essas circunstâncias, vivo a mesma dúvida: viver é uma dádiva ou um castigo? Sigo sem respostas.

Marcone Ricardo Pereira

Vozes da alma Where stories live. Discover now