Mirando

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A idealização era meio irrelevante, como qualquer outro dia tudo seguiria seu curso até eu esbarrar naquele sorriso constante, que fazia com que cada palavra ou frase articulada, soasse como música, como elemento chave que o tornava não apenas um garoto lindo mas completamente irresistível.

Fomos à frente, num embalo sincronizado nossas ideias bateram, o papo fluiu e eu já não tinha domínio se o que estava sentindo era insegurança ou estava simplesmente bobo por encontrar alguém como ele.

Eu lembro de cada cheiro, de cada toque, lembro de como ele elogiava meus sorriso, de como cumprimentava meus olhos na intenção de explorar a imensidão da minha existência, de como ele demonstrava interesse no que tinha pra dizer, ele ria do meu sotaque...

Após um momento confortável em silêncio, ele me pediu algo, com sua voz mansa e carinha de cachorro pidão... "só não ria pra mim, eu não aguento"

Eu de imediato falhei, aquilo era exatamente tudo o que gostaria de ouvir, ele me falou dos seus medos, e isso fez com que não me sentisse só, ele mexeu em muita coisa e fez uma bagunça onde era calmaria enquanto ria do meu sotaque.

Hoje ele se foi, sem promessa de um retorno, como num looping vou vivendo cada frase, cada momento, cada sorriso.

Eu fecho os olhos e o vejo sorrindo, ele ri do meu sotaque.

Eu mordo os lábios, abro os olhos e sorrio, eu amo o sotaque dele.

Marcone Ricardo Pereira

Vozes da alma Where stories live. Discover now