Capítulo 37

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Gêmeo ressurge com névoa em seu entorno. Questionarei onde esteve, tudo vejo no mundo dos animais e das almas dualistas, não me recordo de observar sua forma desforme nas demais paisagens mundanas. Provavelmente me distraí devido a observação ao animal provedor.

- Percorreu outra dimensão? Outro mundo? A solitude fez com que suposições fossem criadas - eu digo.
- Os humanos chamariam esse relato de saudade. É isso o que sente com a ausência do igual?
- Sua interrogação não deveria existir.
- A aproximação com os humanos foi o motivo da pergunta, não deveria ter sido feita, concordo.
- Esteve no mundo deles, esteve próximo e julgando as ações deveras inusitadas e maldosas de seus espíritos. O fascínio gerado é inexplicável, nada teria que focar naqueles animais.
- Concordará que alguns humanos extraordinários em ideais e moral existiram ao longo de uma história definida pela morte. Aurelius Augustinus Hipponensis foi um homem fascinante. Existirá no século 20 do tempo humano um que se destacará pela aversão a violência. Atualmente observamos um humano não-agressivo viver, isso é raro.
- A raridade de um animal é a sua motivação. É inadmissível que um deles gere curiosidade. Eu os observo desde o início, atuam com sentimentos bondosos e donativos quando convém ludibriar outros da mesma raça, são todos iguais.
- Não há erro e não discordo. Estar próximo de outros apenas faz de Patro o mais especial entre eles, nesse tempo atual. Por isso um deles merece uma dádiva, merece a superioridade.
- O que intenta?
- Nunca teve curiosidade com nenhum humano? Aqueles que vivem para ajudar não se destacam em sua observação? Os que morrem pela vida alheia não merecem um julgamento diferenciado da nossa existência?
- Está observando um momento da vida de um humano que muito presenciou, mas que pouco viveu. Os padrões deles são constantes, vi bilhões. Antes do desenvolvimento do raciocínio animal superior e durante, não há curiosidade.
- Patro é igual a todos o que viu?
- Não. Mas certamente, e logo, será. - Perguntarei o mesmo que Patro. - Não revelou ao animal a dádiva, o que dará?
- Não poderei dar nada, pois ele seria tão poderoso quanto um deus dos tantos mitos e lendas. A intenção é destacá-lo, sem retirar sua humanidade. Terá que realizar um favor, como dizem os humanos.
- É inadmissível tantas citações aos animais lógicos e dualistas. Qual favor?
- Não fará resistência?
- Se for absurdo, sim.
- A dádiva deverá ser dada utilizando o seu poder.
Ter o poder de Gêmeo seria definitivo nessa situação. O futuro é incerto também para minha existência, queria ter visto antecipadamente um pedido tão absurdo. É ajuda ao animal que está pedindo? Quer realizar uma experiência com alguém que ainda não existe? Quer se sentir como os fictícios deuses que os gregos reverenciavam?
Não há como decifrar esse pedido. O poder que se originou junto a mim sendo utilizado por um animal para servir a curiosidade de Gêmeo. Um experimento. A resposta negativa é a mais simplória a oferecer, é o que quero responder, contudo, qual é o objetivo do uso do meu poder? Que propósito servirá ao animal que o receber? Gostaria de conhecer essa razão.
- Por que meu poder?

AVENÇA IMORTALWhere stories live. Discover now