𝟯𝟰, nathan.

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Desembarquei do avião, peguei as minhas malas e varri o local com os olhos, procurando por Samuel. Eu tinha ficado três semanas em Omaha, todos os dias me questionando sobre os meus próprios sentimentos e tentando arrumar a bagunça na minha mente.

Minha mãe, Kami, foi de grande ajuda. Como uma mulher experiente – e eu não digo de idade, e sim pela quantidade de relacionamentos em que ela esteve antes de se encontrar com meu pai –, ela me deu muitos conselhos sobre como lidar com isso e, principalmente, como não afetar as pessoas ao meu redor.

A verdade é que eu tô na merda.

Eu já tive algumas namoradas antes de conhecer a Veronica – incluindo a mãe dela –, mas nenhuma delas mexia comigo do jeito que essa garota mexe. Honestamente, depois que eu a conheci, eu passei a acreditar naqueles filmes clichês em que basta a garota olhar para o cara que ele já larga todos os hábitos de solteiro que ele tinha, porque é exatamente isso que tá rolando comigo.

Se alguém chegasse em mim, nesse exato momento, e me perguntasse se eu amo a Veronica, eu não saberia responder. Eu tenho certeza absoluta de que ela tem uma puta influência sobre mim, e eu claramente estou agindo como se fosse o cachorrinho dela, mas o que eu posso fazer? Exatamente, nada! Porém, eu ainda não sei reconhecer o que é, de fato, o que eu sinto por ela.

O que eu sei é que eu sinto meu estômago revirar todas as vezes que a vejo, e luto para não sorrir quando ela me dá bronca por coisinha boba. Pra ser sincero, eu tinha medo de encontrar ela depois dessas três semanas fora e, no lugar de um oi, eu acabar latindo. Esse é o tamanho da "devoção" que tenho por aquela garota.

E lá estava ela. O seu cabelo loiro se destacava entre os outros, embora a sua altura não a favorecesse tanto assim. Foi impossível não sorrir quando o seu olhar foi direcionado a mim, assim como o seu sorriso nervoso. Ela estava mais linda do que nunca.

Veronica não me recebe com um simples oi, mas sim como um abraço caloroso, que manteve o meu coração aquecido. É, eu tô mesmo na merda.

─ Samuel inventou uma dor de cabeça e me mandou no lugar dele. ─ ela diz, quase em um sussurro. ─ Vamos.

Estranhei o tom cauteloso na sua voz, mas não questionei.

Depois de quase cinco horas de voo, deixei de lado o meu cavalheirismo e não reclamei de ela estar dirigindo.

─ Como foi com a sua mãe? ─ ela pergunta, sem desviar o olhar das ruas.

─ Foi bem legal, na real. ─ e falamos quase apenas sobre você, minha mente acrescentou. ─ E como foi passar o três semanas sozinha aguentando aquele bando de idiotas?

─ Em parte foi bom, acho que foi o mês mais divertido que eu já tive. Mas também foi bastante cansativo. ─ ela explica. ─ Eu provavelmente surtaria sem o Sammy comigo.

Foi inevitável não sentir aquela pontada de ciúmes.

─ Sério? ─ ela mexe a cabeça. ─ Que merda.

Eu estava tentando arrumar um meio de dar continuidade a nossa conversa de um mês atrás, quando ela me interrompeu para ir fazer panquecas – que viraram torradas –, mas ela fez isso primeiro do que eu.

─ Não acha que tá na hora de terminar aquela conversa? ─ ela me olha por poucos segundos, e eu assenti nesse meio tempo.

O silêncio se instalou dentro do carro, e eu só podia ouvir as nossas respirações.

─ Eu não sei o que você sente por mim... ─ ela começa, e o meu estômago revira. ─ Mas, se for o que eu penso, eu peço, encarecidamente, que você tente reverter isso a todo custo.

Franzi a testa, mais do que confuso. Não era essa conversa que eu gostaria de ter.

─ Eu não estou pronta para isso, definitivamente não. ─ ela continua. ─ Você é a terceira pessoa que mais me conhece nesse mundo, ficando atrás da minha mãe e Olivia, apenas. E eu não quero que você se sinta na obrigação de estar comigo, porque isso não me faria nem um pouco bem.

─ Por que eu me sentiria na obrigação de estar com você, maluca? ─ pergunto, com medo da resposta.

A minha mente sugeriu vários motivos para isso. Doença degenerativa, mudança repentina, ou qualquer merda desse tipo, mas eu não estava pronto para a verdade. Com certeza não.

─ Eu tô grávida, Nate. ─ não tenho nenhuma dúvida de que eu teria batido o carro, caso estivesse dirigindo. ─ Não usamos camisinha naquela festa, e estávamos mais bêbados do que qualquer coisa. Enfim, já é tarde demais pra chorar pelo leite derramado.

Literalmente.

─ Festa? O aniversário do Nash Jr? ─ ela assente. ─ Isso foi há três meses, Veronica!

─ Eu sei! ─ ela rebate, na mesma intensidade que eu. ─ Eu descobri no mês passado, quando você e minha mãe terminaram. Eu passei mal por ter comido demais e fui no hospital por intoxicação alimentar, e aí veio a notícia.

Eu estava em choque.

─ Eu não vou te obrigar a ser um pai, beleza? Eu cresci sem um e posso afirmar que estou melhor sem ele, então...

─ Você enlouqueceu? ─ a interrompo, ainda digerindo a informação. ─ Veronica, você não é a única responsável por isso! Eu também fiz parte, e reconheço a minha irresponsabilidade, e não há nada mais justo do que continuar com isso.

─ Só estou dizendo que eu não te apedrejaria caso você, sei lá, saísse da cidade ou coisa do tipo. ─ ela murmura em resposta, me fazendo revirar os olhos. ─ A minha mãe já sabe, assim como o Sammy e as minhas amigas.

Então esse é o motivo de ela e Sammy estarem tão grudados.

Eu vou ser pai.

Caralho, eu vou ser pai!

Eu não me imaginava sendo pai de uma criança, pelo menos, antes dos vinte e oito, e olha pra mim agora. Vinte e três anos na cara, pai do filho de uma garota de dezoito anos e, ainda por cima, filha da minha ex-namorada. Eu só me fodo nessa vida.

Não havia mais de dez minutos desde que eu soube, e eu já me imaginava decorando um quarto inteiro com o símbolo dos Lakers, ou com adesivos da Barbie. Mais do que nunca, a minha mente estava uma completa bagunça.

─ Veronica? ─ a chamo, depois de longos minutos. Ela murmura um simples e baixo "hum?", e eu prossigo: ─ Se você está grávida, e tenho quase certeza de que sente por mim o mesmo que sinto por você, por que não quer que fiquemos juntos?

Ela não me olhou. Ela sequer se moveu. Continuou ali, com a postura reta e os olhos nas ruas, até que entramos na rua da minha casa.

─ Chegamos.

vcs pensando q eles iam ficar juntos: 🤡

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vcs pensando q eles iam ficar juntos: 🤡

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