𝟮𝟮, veronica.

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Arqueio a sobrancelha, confusa. Ele não sabia de nada?

─ Então ele me considera uma amiga? ─ cruzo os braços, a essa altura, sem me preocupar com o aquecimento.

─ Não deveria? ─ ele tomba a cabeça para o lado, sem nenhum pingo de malícia na voz. ─ Até eu considero, gata.

─ Fico feliz em ouvir isso. ─ sorrio, envergonhada.

Ele não disse a ninguém.

─ Vou deixar você voltar ao seu aquecimento. Boa sorte, gatinha. ─ com um beijinho na testa, ele sai.

Voltei ao círculo, ganhando alguns olhares curiosos, incluindo o de Sophia.

Ninguém teve tempo de fazer perguntas. A voz do diretor soou alta demais, tanto lá fora quanto aqui dentro, e sabíamos que estava na hora.

Meu deus, é agora.

Lentamente, as pessoas foram saindo. Deveríamos estar perto do campo quando fôssemos começar a apresentação.

Porém, para o meu completo pavor, as minhas pernas travaram. Simplesmente travaram. Ao longo dos anos, eu sempre me encontrei em situações onde uma coisinha aleatória me dava um enorme gatilho, e as crises de pânico me destruíam por dentro. Mas não isso. Ser animadora devia me tirar esse pânico, não provocá-lo, e foi exatamente o que aconteceu.

Eu sabia que depois da minha recaída na semana passada elas voltariam com tudo, eu só não imaginava que isso comprometeria o meu futuro.

O ar me faltou e minhas pernas falharam. Eu caí ajoelhada no chão, olhando o palanque do diretor de longe; não demoraria até que ele nos anunciasse.

─ Ronnie? ─ abaixei a cabeça; eu conhecia aquela voz. Conhecia muito bem. ─ O que aconteceu?

Era como se eu não soubesse mais como falar. O meu coração estava acelerado, tão acelerado que eu podia ver o meu peito pulsando por baixo do uniforme azul.

─ Veronica? ─ Nathan se aproximou mais, se abaixando ao meu lado. ─ Você tá tendo aquilo de novo, né?

Não consegui falar, apenas assenti.

─ Merda. O que eu faço? Aliás, eu posso fazer alguma coisa? ─ refleti sobre a sua pergunta.

Valia a pena sacrificar a bolsa – que nem é minha, aliás – para "fugir" com o motivo da minha crise anterior?

Quando a música começou, a minha pergunta foi respondida. Puxei o máximo de oxigênio que eu consegui e, com um pouco de esforço, procurei pelos seus olhos.

─ Me tira daqui.

Não precisei pedir duas vezes. Em questão de minutos, Nathan tinha me colocado sobre o banco do passageiro de seu carro, enquanto eu tentava recuperar o ar suficiente para manter meus pulmões funcionando.

Encostei no banco e relaxei as costas, ainda forçando a traquéia para poder respirar. Foi rápido, porém horrível.

─ Se sente melhor? ─ ele pergunta, e só então noto que já não estávamos mais no estacionamento da escola. Maneio a cabeça em concordância. ─ Você me assustou.

─ Você viu isso acontecendo no outro dia. ─ respondi, apoiando a cabeça na janela.

─ Mas sua mãe estava te acalmando do jeito que só ela sabe. ─ ele faz uma curva. ─ Quer que eu te leve para casa?

─ Não. ─ respondo rápido. ─ Se minha mãe chegar e perceber que eu perdi a apresentação ela vai ficar chateada por mim, e eu não quero isso.

─ Tudo bem.

Eu sabia que ele não iria para a minha casa, mas o caminho que ele estava fazendo era o mesmo. Porém, ao invés de entrar na minha rua, ele virou a esquerda, entrando em outra avenida. Pareceu se passar mais quinze minutos até ele estacionar em frente a uma casa mediana de dois andares, com a fachada branca e a grama seca, porém de um verde vibrante.

─ É a sua casa? ─ pergunto, relutante em sair do carro.

─ Não propriamente. ─ ele solta o cinto e abre a porta; Nate dá a volta no carro e abre a porta para mim quando percebe que eu não estava a fim de me mexer, mesmo sabendo que é necessário.

─ Como assim não propriamente?

─ Eu divido a casa com Sammy, Jack e mais um amigo que você não conhece. Ele provavelmente está lá dentro agora. ─ ele me dá a mão, deixando que eu me apoie nele caso as minhas pernas me traiam novamente.

Quase sorrio quando a porta é aberta e o cheiro de perfume masculino junto com uma essência doce invadem as minhas narinas. Aquele era o cheiro de Nate.

─ Seja bem vinda a minha humilde residência.

vou te esperar na minha humilde residênciapra gente fazer amormas eu te peço só um pouquinho de paciênciaa cama tá quebrada e não tem cobertor

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vou te esperar na minha humilde residência
pra gente fazer amor
mas eu te peço só um pouquinho de paciência
a cama tá quebrada e não tem cobertor

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