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Keller

Peguei Liliam no colo assim que ela desmaiou. Ela era leve como uma pena. Seus cabelos castanhos dourados compridos quase arrastaram-se no chão quando seu pescoço se inclinou mole para trás em meus braços.
  Usei toda minha velocidade para correr até o castelo e procurar por ajuda.  Precisava andar logo, antes que o veneno terminasse de se espalhar para o corpo. Sua boquinha perfeita avermelhada, agora se encontrava roxa e inchada.
Deus me ajuda! Supliquei, enquanto corria por entre as árvores sem tentar ser visto pelos filhas da puta que a acertaram. Maldita Liliam! Por quê foi tentar me ajudar?
Vi as luzes do castelo e me aproximei. A rainha estava passeando com o rei pelo jardim da frente. Deixei Lili nas escadas de pedra e corri para dentro da floresta.
  Mas que inferno!!! Por que ninguém veio socorre-la ainda?? Bufei. Peguei uma pedra bem pesada e mirei perto dos guardas, então arremessei e acertei bem onde planejava.

— Princesa? - um dos guardas finalmente viu a princesa caída na escada - Ajudem! É a princesa Liliam!

Mais guardas vieram ajudar. Vi a rainha Arabella descer correndo para ver a filha e gritar por ajuda da mãe:

— Mamãe, socorro!

— O que foi, minha filha? - rainha Evangeline saiu em sua janela da torre.

— É a Liliam. Ela está desacordada e fria! - a rainha se desesperava cada vez mais.

Rei Mathew pegou a filha nos braços e a levou correndo em sua velocidade vampiresca para dentro do palácio. De onde eu estava conseguia ver ele colocando Lili em sua cama. Os desgraçados que fizeram isso com a minha princesa vão pagar muito caro.
  Sai de lá e fui correndo em direção aos fundos do castelo. Fico como uma estátua e com nojo quando me deparo com uma cena nojenta.

— West... Para, por favor. Nós não somos casados ainda - Maddie tentava não cair nas graças do perfeito Sr. West.

— Ah, vem cá! Nosso casamento está perto. E eu sei que você não é a virgem Maria - ele forçava um pouco a barra as vezes.

Maddie estava sedendo aos encantos de Wes, quando eu apareci. Os olhos super claros delas se arregalaram ao me ver e os cabelos ruivos sedosos e compridos estavam desgrenhados.

— Meu Deus, Keller! - ela empurrou o noivo para longe e arrumou a alça do vestido cor de pêssego — O que aconteceu? Por que está com essa cara de idiota?

— Lili aconteceu. Ela foi envenenada.

Maddie ficou chocada e saiu correndo em direção ao castelo. Desviei o olhar para West que estava um pouco preocupado com a princesa.

— O que aconteceu? - ele esfregou a ponta do nariz.

— Eu levei Lili para taberna pra tomar algumas cervejas e encontrei pessoas desnecessárias - mordi o canto interno da bochecha — Ela tentou me ajudar, mas foi atingida por uma flecha com veneno.

— Meu Deus, homem... - West olhava para o chão sem piscar — O que você vai fazer?

— Nós vamos à taberna e vamos resolver os nossos problemas do passado com eles.

Ao dizer esta frase, parece que meti uma faca no coração do professor. Ele apertou os olhos para mim e levantou umas das sobrancelhas, e disse:

— Nossos o quê? Nós não temos problemas nenhum, idiota... São seus problemas. Resolva-os você!

Fervilhei de ódio daquele merda, mas me contive em não quebrar a sua cara de inglês. Respirei fundo e cerrei os dentes, tentando me manter calmo.

— Você não vai me ajudar mesmo? - perguntei.

West revirou os olhos e respirou fundo — Ok, eu te ajudo... Com uma condição.

— Qual? - sabia que viria merda pela frente.

— Assumir Liliam publicamente.

Liliam

Abri os olhos e ainda estava com a vista turva. Minha cabeça rondando e os cheiros começavam a se misturar, talvez o lobo estivesse querendo sair. Vi minha mãe parada perto da cabeceira da cama falando com vovó:

— Mãe, você sabe o que é isso? - minha mãe estava aflita vendo minha vó segurar um pedaço de madeira na mão.

— Eu nunca mais havia visto um desses... Não desde... - vovó arregalou os olhos.

— Pelo amor de Deus, mamãe! Diga logo - minha mãe roía as unhas sem parar.

— Não desde que eu e Luara estávamos presas no castelo de Celine.

Mamãe sentou na beirada da cama e eu podia ouvir sua respiração ofegante. Vovó estava aflita e muito pensativa.

— Mãe - chamei —, eu acho que meu lobo está saindo sem minha permissão... - ainda falava mole.

— Não, querida. Isso é somente o efeito do veneno. Logo passará, vovó promete - minha avó falou.

Minha mãe levantou e prendeu os cabelos tingidos de loiro claro em um coque. Os olhos dourados cintilante estavam agora ficando escuros de ódio. Ela olhou para mim e passou a mão em meu rosto e saiu pisando duro em direção à porta.

— Onde você vai, Arabella? - Tia Luara apareceu do outro canto do quarto.

— Eu vou matar aquela desgraça.

Escutei os saltos de mamãe batendo em cada degrau das escadas do castelo. Eu sabia que não era veneno de Celine e sim dos brutamontes que me atacaram na taberna junto de Keller. Se eu contasse para mamãe sobre eu e Keller, ela com certeza me mataria por estar me envolvendo com um guarda... Pior! Um guarda que me leva para beber cerveja barata e ainda me envolve em brigas. Preferi me recuperar e deixar tudo como está.

— Descanse, querida. Você está ardendo em febre. - escutava a voz de vovó bem abafada e logo dormi.


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⏰ Última atualização: Sep 21, 2020 ⏰

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