Trinta & Sete

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Sinto os braços dele ao meu redor antes de acordar completamente. Chego mais perto do corpo quente de Antony, meu rosto enterrado na curva de seu pescoço. Eu inspiro o cheiro dele ali. Meu nariz deslizando suavemente pela área.

Ah, eu não quero abrir os olhos nunca mais. Não quero levantar e encarar o dia. Por mim, permaneceriamos deitados aqui o fim de semana todo, e pouco me importa agora se meus pais ou Kaila aparecessem.

Antony se move abaixo de mim quando beijo logo abaixo de sua orelha. Ele me puxa para mais perto e sinto-o beijar minha testa.

— Bom dia — ele diz contra minha pele, e logo se afasta, saindo da cama.

— Bom dia.

— Como está se sentindo?

— Estou bem.

Ele me avalia com cautela, percebo, mas estou decidia a não deixar a noite de ontem estragar o nosso dia.

— Podemos ir ao Sarita tomar café — digo enquanto me sento, passando a mão pelos meus cabelos bagunçados. — Eu não estava mentindo quando disse que meu café era péssimo. Mas posso ver se tem outra coisa por aqui também. Você decide.

— Eu faço o café, não tem problema.

Nisso, ele me dá as costas e deixa o quarto. Desabo na cama outra vez me sentindo um pouquinho rejeitada. Não quero que Antony me trate diferente agora que lhe contei o que tenho guardado. Eu nem deveria ter dito nada. Se Analu não tivesse aparecido e me desestabilizado isso não teria acontecido.

Argh.

Já era ruim o bastante ele suspeitando de que havia algo de errado comigo. Será que isso o faria se afastar de vez? Eu era complicada demais, Antony não iria perder tempo estando comigo.

Solto uma respiração ruidosa. Eu não me surpreenderia se ele fizesse.

Vou ao banheiro minutos depois para me recompor. Antony não me pediu ajuda nenhuma vez, mas pelo cheiro do café acredito que ele tenha se virado bem sem mim.

Quando chego a cozinha, ele está virado para o balcão, tomando café. A camiseta levemente amassada depois de dormir com ela, os fios do cabelo claro bagunçado por ele passar a mão o tempo todo... Não me contenho. Me aproximo até estar colada nele, abraçando-o pela cintura, pressionando minha testa entre suas omoplatas.

Mas ele não se vira, nem me toca, e sinto meu peito apertar.

— Nós temos que conversar sobre o que aconteceu ontem — ele diz, a voz controlada, sem qualquer indicação do que ele esteja sentindo agora.

Eu balanço a cabeça, ainda me segurando a ele.

— Não, não temos.

— Ignorar a situação não faz com que não tenha acontecido.

— Tudo bem, eu sou boa em fingir que não aconteceu. Já faço isso há anos.

— Bom, mas eu não sou — ele diz, se afastando dos meus braços, de mim, e larga a xícara. — Eu não posso te olhar agora e fingir que o problema não existe, quando sei que você não está bem.

Dou alguns passos para trás, as palavras dele são como uma força invisível que me empurram para longe.

— Não preciso que você sinta pena de mim, Antony.

Pena? — ele indaga exasperado. — Você acha que sinto pena de você? Eu estou preocupado.

— Não precisa! — minha voz se eleva. — Vou ficar bem. Ontem a noite foi um episódio isolado-

Cada Vez MaisWhere stories live. Discover now