Um barulho irritante penetra a névoa do meu sono. Pisco algumas vezes e quando minha visão foca dou de cara com o tecido branco da camiseta de Antony. Há calor em cada parte onde o corpo dele pressiona o meu.
Quase solto um palavrão ao perceber o quanto estamos... abraçados. Mas mantenho a boca fechada. Eu preciso sair da cama, dos braços dele, só não sei como posso fazer isso sem acordá-lo. Tento mover seu braço para longe da minha cintura, mas o movimento o faz se remexer, e, ao invés de se afastar, Antony me puxa para mais perto.
Ofego, sentindo um ardor subir por minhas bochechas.
Eu não deveria ter deixado chegar a esse ponto. Não devia ter ligado para Antony, muitos menos deixar que ele dormisse aqui! Antony Ramone está na minha cama. Me abraçando enquanto dorme. O mundo enlouqueceu. Ou talvez seja apenas eu.
E se ficarem sabendo?, penso de repente, ficando mais nervosa. Se isso se espalha pela escola estou perdida.
Não é segredo para ninguém que Antony desliza com facilidade por vários lençóis por aí. Bem como Theodoro, só que mais discreto. E tudo bem. Ele é solteiro, totalmente livre, não estou aqui para julgar, só não quero que pensem que sou mais uma rendida ao charme dele.
Decido me desvencilhar de seu abraço, quer isso o faça acordar ou não. Além do mais, ele precisa ir embora. Faço menção de afastar o braço dele, mas o barulhinho soa outra vez me freando. Ergo a cabeça olhando em volta e vejo o celular de Antony jogado ao lado. Toca mais uma vez antes da tela apagar. Um toque genérico, das configurações do próprio celular.
Original, zombo internamente.
Estico o braço e apanho o celular. Não faço a mínima ideia de onde deixei o meu, e preciso ver que horas são.
Já passa das oito, constato assustada. Meus pais podem aparecer a qualquer momento.Meu corpo se arrepia. Deus me livre se eles me pagam enroscada com um garoto no quarto.
O celular volta a tocar, a tela acende e leio Mãe. Se ela está ligando com tanta insistência provavelmente não sabe onde o filho se encontra. Pudera! Ele saiu de madrugada.
Volto meu olhar para Antony, ele continua adormecido, o sono pesado. Afasto o braço dele de vez e me sento, tirando os fios soltos da frente do rosto.
— Antony — chamo, sacudindo de leve o ombro dele. — Antony, acorde.
Ele resmunga um pouco antes de abrir os olhos. Se a situação não fosse tão tensa, eu teria rido diante da visão dele acordando. Era um tanto fofo.
Ele olha para mim com a testa levemente franzida e leva uns segundos para se situar, então seus lábios se abrem em um sorriso que parece iluminar todo o rosto.
Engulo em seco.— Ei — ele diz, a voz rouca. — Bom dia.
— Bom dia — devolvo, virando o rosto para não ter que encará-lo.
— Dormiu bem? — Antony pegunta. Sinto seus dedos quentes tocarem os meus com delicadeza. Meu coração erra um batida. Lembro do celular ainda em minha outra mão e pigarreio, estendendo para ele.
— A sua mãe ligou algumas vezes. É melhor você retornar.
— Ah, sim. — É tudo que ele diz ao pegar o celular.
Me afasto e deixo o quarto sem olhar para trás. Praticamente corro até o banheiro e me tranco, apoiando a testa na porta. Sinto a súbita necessidade de me esbofetear. E talvez de gritar um pouco com Antony, mas não posso fazer isso já que ele está aqui por culpa minha, afinal. Não seria muito educado.
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Cada Vez Mais
Teen FictionO mundo de Emilia Calton não acabou depois de descobrir a traição do namorado com uma de suas melhores amigas - verdade seja dita, ela tinha coisas mais importantes com o que se preocupar. O foco de Lia sempre foi voltado para sua educação e entrar...