Trinta & Cinco

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Termino minha volta pelo campo e desabo ofegante na grama. O treinador Derk quis aproveitar o bom tempo e levou a turma toda para se exercitar ao ar livre.

Há um nervosismo entre os alunos do último ano. Todas as provas foram feitas e corrigidas. Boa parte das turmas já havia enviado suas inscrições, e agora nos restava esperar. A escola estava terminando, bem ali, num virar de esquina. Era estranho e empolgante ao mesmo tempo.

Por isso Derk nos fez gastar toda a energia acumulada aqui fora. Esfrego as pernas tentando fazer a sensibilidade voltar. Eu estava muito fora de forma, minha bicicleta, a única forma de exercício que eu mantinha, esquecida. Em minha defesa, eu estivera mais ocupada do que nunca. O pouco de horas livres que me sobravam eu gastava com Antony... E, bem, o máximo de atividade física rolando entre nós dois eram beijos. Muitos. Mas isso realmente não contava.

Eu me perguntava se isso o frustava, mas ele nunca deixou transparecer nada, e eu tampouco iria perguntar à ele. Devia incomodá-lo, com certeza. Era Antony, pelo amor de Deus, eu duvidada que ele levasse tanto tempo assim para ter uma garota fora de suas roupas.

Observo ele e seu grupo de amigos se exercitando alguns metros a frente. Era bom tê-lo de volta aqui. Eu não me sentia muito confortável na casa dele, mesmo não encontrando os pais dele nenhuma das vezes em que estive por lá, porque ele sempre me levava para um passeio quando terminavamos de estudar. E tudo bem para mim, eu não estava certa de que iria apresentá-lo aos meus pais também.

Flora se aproxima, cobrindo minha visão de Antony, e me oferece uma garrafa de água. Agradeço enquanto ela senta ao meu lado.

Ela esteve estranhamente calada essa última semana, coisa que Austin observou antes de mim, e veio me perguntar se eu sabia o motivo. Mas eu não podia imaginar. O que fazia com que eu me sentisse uma péssima amiga, sempre focada em mim mesma e alheia ao que estava acontecendo com as pessoas ao meu redor.

Eu fecho a garrafa encarando minha melhor amiga de lado. Bato o ombro no dela para chamar sua atenção.

— O que houve, Flora Marson?

— Nada — ela diz, sorrindo um pouco, ajustando os óculos no rosto.

— Qual é, eu te conheço — implico. — Você pinta as unhas de amarelo quando está triste porque acha que a cor vai te alegrar.

Flora encara as unhas e funga um pouco.

— Não está funcionando.

A voz triste dela me parte o coração. Ponho um braço ao redor de seus ombros desejando poder confortá-la.

— O que aconteceu? — pergunto de novo.

Ela hesita um pouco, mas por fim fala.

— Você sabia que Austin se candidatou para uma universidade fora do país?

Franzo a testa. Isso era novidade para mim. Eu sabia que ele tinha se inscrito em várias por estados a fora, mas em outro país? Austin nunca havia comentado nada comigo.

— Não. Ele não me contou.

— Pois é. Ele também não me contou. Eu descobri os panfletos quando estive na casa dele. Esperei ele vim comentar comigo, me falar alguma coisa, mas isso nunca aconteceu. Mandamos nossas inscrições há dias e ele sorri para mim como se estivesse tudo certo. Austin ficou chateado com minha empolgação sobre Albertine, eu sei disso. Ele achou que eu estava deixando ele de lado antes do tempo... — Flora dá uma pausa para limpar o rosto e olhar ao redor. Ninguém parece nos notar aqui. — Isso é tão hipócrita! Ele que está indo para longe e não me contando nada.

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