Capítulo 31

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Mal telefonara para ele, Maurício chegou logo em seguida ao apartamento de Júlia. E vendo seu estado de profunda perturbação a abraçou carinhosamente.

Júlia ficou em seus braços em silêncio, acalmando-se. Fizera a coisa certa ao telefonar para Maurício. Com a cabeça recostada em seu peito, ouvindo as batidas de seu coração e recebendo afagos no cabelo, não demorou até que as batidas do próprio coração estivessem num ritmo cadenciado.  

— O que houve, Júlia?

Júlia informou os acontecimentos que presenciara àquela tarde para ele, mas titubeante, receosa, pois nem Mauro nem seu pai deram atenção as suas suspeitas.

— Deve ter sido muito difícil. Você já conversou com o seu pai?

— Sim, mas ele não acreditou em mim. Acha que foi apenas um assalto.

— Você disse que o Mauro estava com você. Será que ele também não viu o que aconteceu?

— Ele vinha logo  atrás de mim. Não viu nada. E mesmo que tivesse visto, tenho certeza de que não ficaria do meu lado, como não ficou quando estávamos com Abigail. Não, eu não posso contar com ele.

Maurício deu um meio sorriso.

— Sinto muito. Mas fico feliz que você tenha pensado em mim e me telefonado. Eu ficaria muito triste se você achasse que não pudesse contar comigo ao menos para ficar ao seu lado.

Júlia ficou na pontas dos pés e aproximou seus lábios do rosto dele dando-lhe um beijinho de leve.

Maurício engoliu em seco.

— Obrigada, Maurício. Você não sabe como é bom saber que posso contar com você, ainda mais nesse momento.

Maurício fez que ia beija-la, mas Júlia recuou um passo. Sorrindo logo  em seguida para não deixá-lo desconfortável.

— Aceita uma taça de vinho?

— Eu adoraria, mas você irá me acompanhar?

— Pode ter certeza disso. Beber um pouco me fará bem.

— Pensei que você evitasse bebidas alcoólicas.

— É o que eu costumo fazer. Mas hoje eu quero beber. Meu futuro namorado é contra?

Os olhos de Maurício brilharam ao ouvir o comentário.

— Não, até porque minha namorada de mentirinha adora caipirinha.

Júlia riu da menção ao plano de namoro falso. E sentiu-se bem. Quando associava essa ideia a Mauro sentia uma tristeza e uma vergonha sem fim. Mas alí tão próxima ao homem que estava apaixonado por ela, o plano parecia uma boa piada inofensiva que a levou aos poucos para seus braços.

Júlia pegou na mão de Maurício e o levou para a cozinha. Lá mostrou para ele uma pequena adega climatizada e o pediu que escolhesse uma garrafa de vinho.

—  Esse aqui é francês, é uma delícia. Você vai gostar. — Disse ele. Júlia então, pegou duas taças e aguardou ele servi-la. O vinho era de uma coloração vermelho-rubi. Ela tomou um gole e achou realmente delicioso.

Júlia na terceira taça de vinho já estava mais leve, mais alegre. Parecia que o dia havia sido perfeito. Abigail, Mauro e seu pai pareciam insignificantes. Júlia sorriu, nunca achou que pudesse se sentir tão bem na companhia de um outro homem que não fosse Mauro.

Estaria se libertando daquele sentimento?

Por Maurício bem que valeria a pena. O modo que ele a olhava a fazia se sentir tão mulher, tão desejada. Júlia engoliu em seco. Não podia perder a compostura, Maurício gostava dela de verdade, e não podia brincar com os sentimentos dele novamente. Não era certo.

Doce JúliaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora