Capítulo 42

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A ida à praia havia sido, sem dúvida, uma ótima ideia. Estava mais relaxada, com os pensamentos em ordem. Tomaria um bom banho para tirar o gosto de água salgada do corpo, e aguardaria Mauro chegar do escritório. Precisavam conversar.

Júlia queria entender o motivo que o levara  a esconder dela que Dayse e sua ex-noiva eram a mesma pessoa. Sabia que não devia ter motivos para desconfiar dele, e de seus sentimentos, no entanto para sentir-se mais confiante, precisava ouvir dele por que escondera dela algo tão importante.

Também precisava lhe contar algo igualmente importante...

Não podia haver mentira entre eles, de modo que ela precisava contar que encontrou Maurício. E que ele a beijou.

Júlia fez uma careta, sabendo que havia cometido um erro.  Não devia ter permitido que Maurício a beijasse. Mas não podia negar, que a conversa entre ambos havia sido necessária. Era como se aquele beijo representasse um final de um ciclo.

Maurício iria embora no dia seguinte na companhia de Andreza. Ambos seriam seus padrinhos de casamento em alguns meses, e tudo não podia estar em mais perfeita ordem.

Júlia suspirou fundo enquanto saia do elevador e entrava no hall de entrada do seu apartamento. O vestido que havia escolhido era tão lindo, tão perfeito. Era uma pena que não pudesse usá-lo.

 Na verdade havia dito tudo o que estava engasgado, e não tinha como ter evitado. Precisava procurar outra estilista. Talvez Mauro também preferisse  assim.

É, de fato, precisavam conversar.

Ao entrar em seu apartamento, Júlia ficou surpresa com uma certa visita. Henrique Albuquerque, seu pai, esperava por ela. 

— Júlia, boa tarde. Será que podemos conversar? — Ele indagou levantando-se quando ela se aproximou.

Já fazia mais de um mês que Júlia não via seu pai. Estava morrendo de saudades e se segurou para não correr até ele e abraça-lo. Mas ainda estava magoada. Não esquecera que ele preferira acreditar em Abigail.

—  Claro. O senhor espera só eu tomar um banho e tirar essa roupa molhada?

— Eu espero o tempo que for.

— Com licença. Eu vou pedir pra Neusa prepara um café.

– Pode deixar, ela já está providenciando.

Júlia assentiu com a cabeça, e foi para seu quarto. Instantes depois ela voltou, já pronta para conversarem. Júlia sentou-se na poltrona e aguardou que Henrique começasse a conversa.

— Me desculpe vir na sua casa assim de repente, sem avisar. Mas eu precisava muito falar com você. E não queria esperar mais. — Júlia ouvia atentamente. — Bem, eu lhe devo um pedido de perdão. Levantei a mão pra você, como jamais fiz em toda minha vida e acredite, eu sofro todos os dias por conta disso.

Júlia lembrou-se do tapa que seu pai lhe deu, e de como ele a ferira. Seus olhos marejaram.

— O senhor não me deu ouvidos. Não precisava acreditar em mim. Mas que não duvidasse, que não colocasse Abigail num pedestal.

— Eu sei. Eu errei. Me perdoe. Quero reparar isso.

— É um começo.  — E desviando um tanto o olhar, indagou: — E o que o fez mudar de ideia?

— Mauro  me procurou há alguns dias  para pedir sua mão.

Júlia assentiu com a cabeça. Isso era bem do feitio dele.

— Eu fiquei imensamente feliz com essa notícia. Mauro é um homem honrado, de princípio e caráter irrepreensíveis. De modo que eu não poderia estar mais realizado. Além de meu advogado, ele é meu amigo, e agora meu genro.

Doce JúliaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora