Capítulo 29

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Mauro achou estranho quando viu Júlia estacionar o carro e descer logo em seguida. Então, ele que vinha logo atrás fez o mesmo. A alcançou enquanto ela ia em direção a um bar naquela rua deserta.

— O que houve, Júlia? — ele indagou. Mas mal terminou a frase avistou Abigail visivelmente transtornada. A mulher que já era naturalmente branca, estava fantasmagoricamente pálida.

— Você vai ver — ela respondeu secamente.

Júlia subiu a pequena calçada olhando de relance para dentro do humilde bar, com uns poucos clientes já embriagados.

Então, focou o olhar nos grandes olhos de Abigail que pareciam aflitos. Ela segurava sua bolsa de grife como se sua vida dependesse daquilo.

Mauro acenou para Abigail com um gesto de cabeça. Ela lhe lançou um sorriso sinistro que mais parecia um pedido de socorro.

— Quem era aquele cara? — Perguntou Júlia entredentes.

— Oh, Júlia, meu Deus, então você viu? Acabei de ser assaltada.

Lembrando-se bem, realmente Mauro havia visto um motoqueiro sair a toda velocidade, logo em seguida Júlia descera do carro. Por isso Abigail estava tão abalada. Mas ainda com a bolsa provavelmente o assaltante saíra de mãos vazias.

— Você está bem, Abigail? Quer que eu a leve para o hospital, você...

— Oh, não, não se incomode. Eu estou realmente bem. Obrigada.

— Ele levou alguma coisa? Vejo que ainda está com a bolsa? Tem uma delegacia próxima, nós podemos registrar um boletim de ocorrência. Se você estiver disposta, claro.

— Eu tinha uma bolsinha com dinheiro, foi tudo o que ele levou. Mas agora eu só quero ir para casa.

— Como quiser. Quer que eu a leve?

Júlia que, para a tranquilidade de Mauro, estava apenas em silencio ouvindo a conversa entre eles até aquele momento, perdeu toda a paciência que dispunha ao ouvir tanta dissimulação, ao que julgava, da parte da madrasta.

— Assaltante... Então, você quer mesmo que eu acredite nessa história da carochinha?

— Júlia, eu realmente fui assaltada. Meu braço está até avermelhado porque o bandido o apertou com muita força. Mas felizmente, quando você buzinou, ele se assustou e preferindo não sair de mãos  vazias, levou de uma vez o dinheiro que eu havia tirado da bolsa.

Júlia pôs as mãos na cintura fitando Abigail, os olhos verdes brilhantes e acusadores. Antes que ela pudesse dizer mais alguma coisa Mauro tocou gentilmente o ombro de Abigail.

— E o que faz aqui sozinha, Abigail? Num bairro como esse, você acaba sendo um alvo fácil.

— Oh, não é bem assim, Mauro. Eu tenho familiares aqui perto e sempre venho os visitar. Jamais fui assaltada, está foi a primeira vez. E espero que a última.

— Ele estava armado? – Perguntou Mauro.

— Oh, não. Não estava.

Mauro suspirou, olhando de Abigail para Júlia que não parecia acreditar em uma só palavra do que acabava de ouvir.

— É melhor irmos para a casa. Eu faço questão de levar você, Abigail. Acabou de passar por um momento de tensão e está no começo da gravidez. Quero me certificar de que está bem.

— Oh, obrigada pela gentileza, Mauro, mas eu não quero incomodar. Eu ainda estou com o celular posso chamar um táxi.

— Imagine, não é incômodo nenhum.

Doce JúliaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora