Capítulo 30

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Júlia entrou em seu apartamento como um furacão. Estava sozinha naquele dia. E deu graças a Deus porque não queria dar explicações para Neusa.

Estava com sangue fervendo nas veias, com ódio de Mauro por ter ficado ao lado de Abigail.

Era óbvio que aquele motoqueiro não era ladrão coisíssima nenhuma. Oh, como seu pai sofreria ao descobrir a verdade, pois ela o contaria o quanto antes. Não guardaria aquilo para si, seu pai não merecia isso.

Júlia suspirou fundo. O dia estava sendo tão agradável. Ela tocou nos lábios lembrando- se do gosto do beijo que Mauro havia lhe dado. Fechou os olhos e reviveu o momento e por um instante  toda sua raiva se dissipou.

 Como queria tirar Mauro dos seus pensamentos. Ele só dava provas e mais provas de que não sentia nada por ela, porém agora havia chegado a gota d'água.

Com certeza ele havia se arrependido de tê-la beijado, primeiro pela expressão de arrependimento em seu semblante, em seguida por ter ficado contra ela na primeira oportunidade.
Enquanto isso, Maurício que era só atenções com ela, aguardava uma resposta.

Engoliu em seco.

Mas não podia dar-lhe uma resposta positiva ainda. Não enquanto o beijo de Mauro ainda mexia tanto com ela. Quando ainda doía tanto o fato de ele preferir lhe virar as costas, a ficar do seu lado.

Estava ela algum tempo depois, já mais relaxada após um bom banho,  observando a praia, da varanda de sua casa, sentindo a brisa na pele e tentando pôr seus pensamentos em ordem quando deu-se conta que na hora da raiva, fizera acusações injustas contra Mauro.

Não somente porque ele ficara do lado de Abigail, mas principalmente  porque  ele não a amava. Mesmo com todos os seus esforços, ele não a amava. E isso doía mais do que qualquer outra coisa.

Seu celular que estava sobre a mesa da varanda tocou. Júlia não queria falar com ninguém. Sabia que sua voz denunciaria seu estado. Mas o celular tocou insistentemente e ela ao ver o nome de Mauro na tela do celular, estremeceu. Então atendeu a ligação.

— Você está bem? Fiquei preocupado com você. — Indagou ele.

— Eu vi o tamanho da sua preocupação. — Desdenhou ela, mas sua voz saiu mais fraca do que ela havia planejado. Então, limpando a garganta disse mais firme: — Bem, eu estou em casa se é isso o que você quer saber.

— Eu levei sua madrasta pra casa. Então, vim tomar um banho. Quer que eu passe aí para conversarmos?

— Mauro, não haja como se nada tivesse acontecido, tá bom? Eu não vou perdoar você por ter preferido acreditar em Abigail do que em mim.

— Júlia, eu não disse que não acreditei em você. Mas pense bem, você estava fazendo acusações à sua madrasta que estava visivelmente transtornada. Ela está no início da gravidez.

— Está tão preocupado por quê? Você é o pai?

Mauro não respondeu. Dando em seguida um suspiro exasperado.

— Tá, me desculpa. Eu peguei pesado. — Ela disse, sentindo-se boba.

— Deixa pra lá. Agora me responda; o  que você viu exatamente, Júlia?

Um brilho de esperança reluziu nos olhos de Júlia. Será que Mauro finalmente acreditaria nela?

Júlia relatou todo o ocorrido, torcendo para que ele entendesse seu ponto de vista.

— Também achei muito estranho. Mas a questão é, Abigail num bairro como aquele é um alvo muito fácil.

Júlia suspirou resignada.

Doce JúliaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora