Capítulo 5

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Júlia olhou-se no espelho.  Estava decepcionada consigo mesma. A verdade é que ainda não era nem meia-noite, ela não era a Cinderela, e já estava louca para ir para casa.

 Felizmente a ânsia de vômito havia passado.

Tudo estava indo as mil maravilhas, até que o chato do Roberto Lopes apareceu e estragou tudo. Como o detestava.

Retocou o rímel, mas por hábito do que por necessidade, e saiu do banheiro.
Quando abriu a porta para sair, descobriu que havia alguém a sua espera.

Mauro Goncalves estava de pé, encostado na parede. Seu paletó estava por sobre um ombro, e a camisa branca não escondia o belo abdômen abaixo dela. A expressão séria em seu rosto, deixava-lhe ainda mais sexy.

Júlia engoliu em seco quando seus olhares se encontraram. E não pôde deixar de sentir uma eletricidade percorrer o seu corpo. Como aquele olhar era fascinante!

E então ela lembrou-se do motivo da sua indignação com Mauro e o encarou altiva.

— Já sei, o Beto ligou pra você, não foi?

Os olhos negros de Mauro faiscaram.

— É, ele me ligou. Então, eu vim buscar você.

— A mim? Acho que você está um pouco atrasado — ela lembrou sarcástica.

E os olhos dele abaixaram titubeantes. Voltando em seguida  a olhá-la.

— Vamos conversar? Tem alí umas  mesas mais afastadas, a gente pode ir pra lá.

            — Eu não tô afim, não. Com licença, eu vou dançar um pouco. — Ela disse afastando-se dele.

— Espera, Júlia. Eu fiquei preso no trabalho. Eu sinto muito. — Ele dizia um passo atrás.

Júlia virou-se para ele, ergueu o queixo e a voz, encarando-o.

— Não quero saber. E mesmo assim isso não é desculpa. Em cinco minutos você poderia ligar e desmarcar, já que estava tão ocupado.

Ele a olhou com aquele olhar meio úmido que normalmente a encantava, mas não naquele momento. Estava com raiva.

— Eu fiquei trabalhando até tarde. A minha secretária tirou uns dias de folga, a secretária nova fez uma confusão na minha agenda ... eu esqueci — ele disse por fim.

Mauro lançou-lhe seu melhor sorriso. E Júlia titubeou, pois era muito charme para um homem só.

— Eu não sei amanhã, Mauro, mas hoje não.

Mauro relaxou os músculos. Afinal, aquilo era um ótimo sinal.

— Vamos nos sentar — ele tocou em seu ombro amigavelmente.

Júlia refletiu por um instante. E tirou a mão do seu ombro. Aquela mão grande, máscula,  mas incrivelmente suave.

— Eu tô cansada. Tô com sono. Na verdade eu já estava indo pra casa.
Júlia deu um passo afastando-se, mas voltou a ficar tonta  e se desequilibrou. Mauro a segurou antes que ela pudesse levar um tombo.

— Ai — ela gritou, mas por causa do susto. Porque agora estava ela toda envolvida nos braços de Mauro, que a segurou antes que ela pudesse cair, seus olhos brilharam e ela engoliu em seco.

Júlia esqueceu-se do mundo por um momento. Ela só queria está alí. Alí era seu lugar, nos braços de Mauro, sentindo o seu calor.

Mauro pigarreou acordando-a do devaneio. Então afastou-se, ajudando-a antes a se equilibrar.

 — Obrigada.

— Você não devia beber, Júlia. Não está acostumada. — Ele a repreendeu, mas em tom apaziguador.

Doce JúliaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora