Capítulo 3

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Júlia sorveu um pouco mais  do líquido gelado. Como estava divino aquele milk shake de chocolate! Fazia muito tempo que ela não se dava ao luxo de tomar aquela iguaria, tudo para manter a boa forma. Mas chateada como estava, só mesmo aquele néctar dos deuses poderia lhe acalmar os ânimos.

Por Deus, ela estava alí sozinha, abandonada no dia do seu aniversário? “ Ninguém merece”, pensou ela, desapontada.

E o pior é que havia rejeitado vários convites para sair com as amigas. Para quê? Para acabar daquele jeito, já tendo tomado dois super milkshakes. So-zi-nha. Sorveu mais um gole inconformada.

Venha jantar conosco — convidaram seu pai e Abigail, a esposa  dele.

Mas não... ela tinha um compromisso insubstituível para aquela noite. Levar um bolo de Mauro Gonçalves. Um bolo enorme com muita calda de chocolate.

Ah, se não fosse crime, nem pecado, ela faria questão de matá-lo com as próprias mãos!

E aí ele nunca mais daria aqueles sorrisinhos safados e encantadores que ela amava, ou melhor, odiava, corrigiu-se.

Céus, estava tão confusa!

Júlia tirou o celular da bolsa e ligou-o. Três ligações de Mauro. Ah, então ele lembrou-se que ela existia... Que ódio dele!  E havia uma chamada de Neusa também; saíra tão cega de raiva que nem se despedira dela...

— Você, tá bem ? Parece triste — perguntou a atendente da sorveteria do outro lado do balcão.

— Um pouquinho — respondeu ela, meio sem jeito.

— É homem?

— Como?!

— Você tá assim por causa de homem?

   Júlia enrubesceu. Afinal, era tão óbvio assim?

— Olha, se eu fosse você ia dá um rolê com esse seu carrão- ela apontou para o carro estacionado de frente à sorveteria.- Entrava em uma boate da vida e ia dançar. Vale a pena tá triste por homem, não.

— Bem que não é má ideia... né?

Isso, Júlia precisava dançar e quem sabe beber alguma coisa, ela não tinha esse hábito, mas uma vez na vida não faria mal a ninguém.

Júlia pagou a conta e levantou-se do banco alegremente.

— Obrigada, moça. Agora, eu acho que vou perder uns quilinhos que eu ganhei. Dançando. - disse sorrindo.

— Aproveita e beija horrores.

“ Quem sabe”, pensou animada com a ideia enquanto saía da sorveteria.

                             ***
Pouco mais de uma hora depois e lá estava Júlia na sua quarta ou quinta caipirinha e o ambiente parecia estar rodando; se bem que naquele momento ela estava parada.


— Júlia, aqui é muito sem graça — reclamou Érica, amiga de Júlia, de braços cruzados e com cara de poucos amigos.

Doce JúliaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora