Kakashi e Akira - Akai Ito?

XVII - Sentimentos

   Sakura estava parada em frente à porta de sua casa enquanto tentava inserir a chave na fechadura com as mãos trêmulas, não sabendo se pelo frio ou pela ansiedade. Não sentiu o chakra dele enquanto estava do lado de fora, então presumiu que ainda não estava em casa ou que havia saído da vila sem despedir-se, não seria a primeira vez.

   Passou pela porta, trancando-a em seguida e depositou sua bolsa e casaco no cabideiro. Tirou a sandália e apoiou a testa na porta enquanto soltava um longo suspiro. Estava, definitivamente, nervosa. Amava o Uchiha com todo o seu bondoso coração, mas, mesmo depois do casamento, ainda sentia-se insegura. Havia crescido tanto: era diretora do hospital, a melhor ninja médica da geração, reconhecida como heroína de guerra... E, ainda sim, o herdeiro Uchiha a deixava insegura. Claro, os hormônios da gravidez deixavam-a muito mais emotiva.

   Perdida em seus sentimentos e lamentações, ainda encostada na porta, não sentiu quando alguém agarrou-a por trás. Automaticamente, seu corpo ficou tenso, mas logo voltou ao normal com a percepção de que aquele aperto era carinhoso... E possuía apenas um braço.

   - Você chegou tarde - ele disse no tom de sempre, enquanto a virava para si - Sakura... Está tudo bem?

   - S-sim, Sasuke-kun - ela disse sem olhá-lo nos olhos.

   Ele a avaliou atentamente, conhecia cada feição e expressão daquele rosto que, para ele, era como a mais rara peça de arte. Conhecia todos aqueles traços melhor do que conhecia os dele próprio. Gentilmente, deslizou os dedos de sua única mão pelo rosto dela, erguendo-o.

   - Eu vejo quando há algo te incomodando, Sakura - ele diz, os olhos carinhosos, mas o tom firme - Diga-me, querida.

   Ela arregalou um pouco os olhos e tombou a cabeça para o lado.

   - Sasuke... - sua voz não passava de um sussurro e os olhos não paravam em um ponto específico - E-eu estou grávida.

   - É sério? - o tom estranho fez com que ela o encarasse e, quando ela assentiu, sentiu o peso em seus ombros ir embora com o sorriso descomunal que surgiu nos lábios do homem.

   - Você gostou da notícia? - ela perguntou, surpresa - Está realmente feliz?

   - Sakura, mas é claro que sim - ele disse, com os olhos confusos - Por que eu não estaria feliz com isso?

  - E-eu não s-sei, S-sasuke-Kun - ela enrolou-se, mas sabia que seria melhor falar. Afinal, poderia pôr a culpa nos hormônios alterados - Eu, bem... Você está sempre longe e n-não é como se fosse um... marido apaixonado.

   Ela suspirou e ele apenas ficou parado, estático, enquanto a olhava. Sakura passou a mão pelos longos cabelos e suspirou outra vez.

   - Esquece isso, Sasuke... Me descul...

   - Não - ela piscou, a voz dele parecia... magoada - Você está certa. Eu que deveria pedir desculpas, Sakura. Droga... Você merecia mais que isso.

   Agora, foi a vez dela ficar muda, não espera aquelas palavras. Mesmo casados, Sasuke não era muito comunicativo. Ele se aproximou, pousou a mão no rosto da esposa e encostou a testa na dela.

   - É difícil para mim... Eu sei, droga, realmente sei, que isso não é uma boa desculpa. Você se esforça tanto - a voz dele estava baixa e sofrida - Acho que, no fundo, eu sempre te amei. A parte de mim que não estava envolvida com o desejo da vingança doentia, essa parte já te amava. Quando você se ofereceu para ir na viagem de redenção comigo, depois que paguei pelos meus crimes na prisão, droga, Sakura, eu fiquei tão rendido... Depois de tudo, você ainda estava lá. Eu não merecia ter você e ainda não mereço.