XIV - Akira...eu não posso

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   Akira acordou com os raios de Sol que entravam pela janela. Imediatamente lembrou-se da noite que tivera e estendeu a mão para o lado oposto da cama.

   Fria e vazia.

   Ela sentou-se rapidamente para ter certeza de que ele não estava no quarto. Também não sentia o chakra dele no apartamento. Ainda era muito cedo, o que significava que Kakashi havia partido durante a noite.

   "Droga, isso deve ser carma pelas vezes que fugi da cama de alguém no meio da madrugada", ele pensou chateada.

   Dirigiu-se ao banheiro, precisaria de um bom banho: tanto para livrar-se do suor grudado ao corpo graças ao feito da madrugada, quanto para lavar a insistente chateação por não ter um homem de cabelos prateados ao seu lado pela manhã. Deitou-se na banheira disposta a não pensar nele, enquanto falhava terrivelmente.

   Terminou o banho, vestiu um fino roupão de seda e trançou os cabelos enquanto ia para cozinha. Estava morrendo de fome, mas, ao abrir a geladeira, constatou que continuaria assim pois não havia nada ali. Mais emburrada ainda, sentou-se à janela para aproveitar a brisa fresca do início do inverno.

   Ela não sabia quanto tempo havia passado, ficara envolvida demais nos próprios sentimentos conflituosos, quando sentiu o chakra antes mesmo que ele batesse à porta. Levantou-se para atender, incerta até mesmo de suas próprias reações.

   Ao abrir a porta, constatou que ele não parecia muito bem, os olhos pareciam cansados e marcados por olheiras, como se tivesse passado a noite em claro, perturbado. Deu passagem para que ele entrasse no apartamento, Kakashi levava uma sacola em mãos. Ele parou no meio do apartamento, passou a mão pelos cabelos rebeldes, baixou a máscara e finalmente a olhou nos olhos. Akira tentou não se afetar pela beleza dele, mas percebeu que havia falhado nessa missão.

   - Busquei o café da manhã - ele disse, levantando a mão com a sacola.

   - Imagino que tenha ido bem longe para buscá-lo, já que saiu de madrugada - ela disse enquanto cruzava os braços, mas mantendo o tom e expressão leves, pois o homem a sua frente possuía uma feição levemente atordoada.

   - Não, eu... - ele disse e passou a mão nos cabelos de novo. Era diferente de quando ele coçava a nuca, aquela ação parecia ser a fuga para o conflito dele.

   Akira foi até ele e retirou a sacola de suas mãos, apoiando-a em cima da mesa. Voltou-se para o ninja, segurando gentilmente o rosto dele com ambas as mãos.

   - O que está acontecendo, Kakashi?

   - Eu não posso... Eu não quero te machucar - ele tentava manter o tom e feições neutras, mas ela podia sentir a aflição que havia nele.

   - Céus, Kakashi! Do que está falando? Eu sou uma mulher adulta, sei me cuidar. Você não vai me magoar por dormir comigo - ela disse, genuinamente confusa pela reação dele.

   - Eu sei que você é forte, Akira, não é disso que eu estou falando - ele colocou as próprias mãos sobre as dela, que permaneciam carinhosamente no rosto dele -  Eu só...

   - Um pensamento por outro? - ela propôs quando percebeu que ele estava realmente confuso.

   - Eu tive um pesadelo - ele suspirou, puxando-a para que se sentassem no sofá - Eu tive um ótimo time uma vez, meu sensei foi o Quarto Hokage. Além dele, havia Obito, que era como um irmão, e Rin, ela era apaixonada por mim, mas Obito era apaixonado por ela. Era complicado.

   "Em um missão, Rin foi sequestrada e eu não queria voltar pra salvá-la, não queria arriscar a missão. Mas Obito me ensinou que os amigos eram mais importantes, ele morreu para nos salvar naquela missão e eu prometi que protegeria Rin. Não seria um sacrifício, eu a amava, de certo modo, por mais que eu não soubesse demonstrar as coisas que sentia. Depois, em uma missão, Rin pulou na frente do meu Jutso. Ela morreu, eu a matei, com a minha mão atravessada no peito dela. Não importava o quanto eu tentasse, o sangue dela sempre parecia estar grudado em mim. Perdi o Minato-sensei também. Depois de tudo aquilo, pensei que jamais seria feliz de novo."

Kakashi e Akira - Akai Ito?Dove le storie prendono vita. Scoprilo ora