30: Proposta

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Alexia não conseguiu fazer nada depois da ligação da diretora do orfanato Anjos Desafortunados, além de pensar sobre quem poderia ter lhe procurado, mesmo que não lembrasse de ninguém que batesse com as características ditas por Regina:

"Era um homem alto, loiro e de olhos verdes", falara a diretora. "Ele disse que se chamava Daniel, mas não quis falar o sobrenome".

Daniel.

Não importava o quanto Alexia pensasse sobre isso, apesar de não conhecer nenhum Daniel, não podia ser uma simples coincidência que ele tivesse a versão masculina do seu primeiro nome e um fenótipo que lembrava o dela em algumas características, como a cor do cabelo.

E se o sujeito fosse um tio distante ou algum parente de seu pai? Alexia só não cogitava ser o próprio pai, porque a mãe sempre fora clara de que o mesmo havia morrido quando ela era muito pequena e que por isso nunca havia estado por perto.

Dessa forma, a garota não conseguiu continuar conversando com Filippo e Melissa e muito menos teve uma noite tranquila de sono depois que o rapaz foi embora e ela e a prima se recolheram para dormir.

"Você não parece nada bem, Alê. E tenho certeza de que ficou assim por causa da ligação de ontem", é claro que Melissa acabaria percebendo isso em algum momento, que veio a ser quando as duas estavam no ônibus a caminho da escola. "Quem era no telefone ontem, afinal?".

"Ninguém com quem você precise se preocupar", é claro que Alexia não falaria sobre aquilo justo com Melissa. A prima podia ser confiável sobre muitas coisas, mas ainda era sobrinha de Antônio e Alexia desconfiava que acabaria dando com a língua nos dentes e falando para ele, coisa que a garota não queria.

Se Tony e Jorge soubessem daquilo, talvez fizessem tempestade em copo d'água e acionassem imediatamente a advogada que cuidara do processo de adoção para perguntarem quais eram os seus direitos e se estavam protegidos. Seria, aos olhos de Alexia, uma dor de cabeça desnecessária.

"Não é o que parece", Melissa tratou de deixar claro. "Você ficou toda avoada depois da ligação e mal falou nada. O próprio Filippo deve ter percebido e por isso foi embora tão de repente".

"Se a sua preocupação é essa, eu posso pedir desculpas para ele".

"É claro que não é isso, Alê. A minha preocupação é que algo te deixou esquisita e você não quer falar o que foi".

"Talvez porque não é da sua conta", não era a intenção de Alexia ser grossa, mas Melissa estava começando a lhe dar nos nervos com a sua curiosidade insaciável.

"Está bem", cedeu Lissa, percebendo que nada do que dissesse faria a prima mudar de ideia. "Não está mais aqui quem perguntou", ela se voltou para a janela do ônibus, claramente emburrada.

E apesar de ter sentido uma pontada de remorso pelo que disse, Alexia tentou se convencer de que era melhor assim. Antes Melissa emburrada e a deixando em paz que a perturbando até que não aguentasse mais e acabasse falando o que tanto escondia.

xXx

Na escola, ainda zangada, Melissa nem mesmo lhe dirigiu a palavra antes de seguir para a sala de aula do primeiro ano A, e Alexia tentou não levar isso tão a sério. Não era segredo nenhum para os membros do clã Fontana que ela era a rainha do drama.

"Ei, Alê. Estávamos só esperando pela sua chegada", tão logo ela entrou na sala de aula, foi saudosamente recebida por Judith dessa forma. O que Alexia não sabia era se levava isso como algo bom ou ruim.

"Por quê?", desconfiada, ela questionou.

"Voltamos a conversar sobre ir à Horizonte do Sul e queremos saber o que você acha de irmos nesse final de semana, ao invés de só depois do ENEM", explicou Melanie. "Apesar de o exame estar próximo, do ponto de vista de uma aluna desesperada, ele também está longe, do ponto de vista de uma garota que quer se divertir um pouco".

(NÃO) FOI POR ACASO [COMPLETO]Where stories live. Discover now