16: Me passa o seu número

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Filippo estava imerso em pensamentos, lembrando-se do almoço no dia anterior e tentando se convencer de que não havia absolutamente nada de errado com Giovanna, apesar das suas suspeitas o levarem a pensar diferente.

Depois que a encontrou na zona leste, chorando agachada em uma calçada suja, a irmã se negou a falar o óbvio sobre como fora parar lá, apesar de Filippo ter as suas certezas quanto à Gabriel estar metido nisso. Conforme o final de semana passava, Giovanna se mantinha afastada, reclusa em seu quarto, quando de repente.... Mudou.

De um dia para o outro, ela pareceu disposta e até mesmo feliz, o que Filippo quis associar à ideia de eles reverem os avós após tanto tempo para um almoço em família. Só que, no fundo, o garoto tinha quase certeza de que havia algo a mais nisso, mesmo que a sua certeza também o levasse a pensar que a irmã havia encontrado Gabriel de novo de alguma forma.

E era aí que a sua mente mirabolante o impedia de continuar seguindo essa linha de pensamento, porque sequer pensar nisso o deixava exaltado e em extrema frustração. Filippo simplesmente odiava a ideia de não estar conseguindo proteger a irmã como devia.

Ele respirou fundo, e foi nessa ação que percebeu a chegada do ônibus ao ponto em que ele aguardava com algumas outras pessoas. Quando Filippo fez menção de subir o primeiro degrau para entrar após todos, notou uma figura correndo e gritando com um braço estendido, pedindo para que o ônibus esperasse.

O rapaz não conseguiu deixar de rir da situação ao perceber que era Alexia.

"Você vai entrar ou não?", o motorista questionou, olhando-o com a irritação de quem já vinha trabalhando há muito tempo e não queria ter que lidar com ele.

"Só um minuto", Filippo pediu. "Tem uma pessoa vindo".

Mal o rapaz terminou de falar e Alexia conseguiu alcançar a porta em que ele estava, dobrando-se para tentar recuperar um fôlego por um instante.

"Você precisa entrar", Filippo disse, fazendo-a olhá-lo com o rosto tão vermelho quanto o cabelo. "A gente tá atrapalhando o trabalho dele", o garoto fez questão de apontar para o motorista com o polegar, que resmungou algo.

Alexia assentiu.

Ela segurou no corrimão e subiu os degraus, passando por Filippo e em seguida pela cobradora, que a deixou passar pela catraca.

Antes mesmo que Alexia pudesse ocupar um lugar, o motorista arrancou com o ônibus e ela se desequilibrou por um momento, só perdendo a chance de cair pela segunda vez naquele veículo porque Filippo segurou seus ombros.

Foi só naquele momento que ela percebeu que ele estava logo atrás.

"Você está bem?", o rapaz questionou.

Um pouco atordoada pela aproximação, Alexia assentiu.

"Obrigada", ela pigarrou ao dizer, segurando no assento mais próximo conforme o ônibus seguia.

Aparentemente, todos os assentos estavam ocupados e eles teriam que seguir de pé até que as pessoas começassem a sair e fossem liberando espaço. Sem conseguir olhar para Filippo sem lembrar da conversa esquisita com Christina e ainda um pouco atordoada pela série de acontecimentos que a levara até ali, Alexia encarou uma das janelas.

Ao seu lado, Filippo arqueou uma sobrancelha ao perceber que ela parecia evita-lo. Por um momento, o rapaz se perguntou se havia dito ou feito algo de errado para com ela, mas não se lembrou de nada significante e acabou concluindo que não. De repente, o rapaz ficou curioso.

"Por acaso aconteceu alguma coisa?", ele questionou.

Foi como se Alexia houvesse levado um susto.

"O quê?", ela questionou, inclinando a cabeça para olhá-lo. Com a proximidade, ficava evidente a diferença de altura entre os dois.

(NÃO) FOI POR ACASO [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora