(NÃO) FOI POR ACASO [COMPLETO]

21: Fogos de artifício

"Ainda não consigo acreditar que você me convenceu mesmo a vir bancar a vela", Melissa resmungou, olhando para a prima com clara acusação.

Alexia, por sua vez, limitou-se a lhe dar um sorriso fraco e enrolar o seu braço no dela.

"Quantas vezes mais eu vou ter que repetir que Filippo e eu somos só amigos?".

"Se esse é mesmo o caso, por que é que eu tenho que ir junto?", Melissa rebateu. "Tem noção do quanto vai ser constrangedor quando eu nem sequer conheço o cara? Quer dizer, a família dele costumava ser próxima da nossa, mas isso mudou desde que a vovó morreu...".

"Os Basile eram próximos de nós?", Alexia se viu subitamente interessada.

Melissa assentiu.

"Nossos bisavôs vieram da Itália juntos. O nosso avô e o avô deles eram muito amigos e tentaram fazer com que isso persistisse por todas as gerações, mas não funcionou muito bem", ela deu de ombros. "Quer dizer, pelo menos até agora", Lissa a lançou um sorrisinho de quem sabia das coisas. "O Filippo é bem bonito".

"Isso não muda o fato de que nós somos apenas amigos", Alexia rebateu, revirando os olhos.

"Isso é o que você diz", percebeu a garota. "Eu acho que o Filippo gosta de você. Chamá-la para sair demonstra certo interesse, sabia?".

Alexia teve vontade de rir, tamanha a sua descrença.

"Até parece", ela retrucou. "Não fica inventando coisa, Melissa. Isso que dá escrever naquele seu blog de romance".

"Vamos ver quem está inventando coisa", resmungou a garota, desafiando-a.

E foi somente quando alcançaram o parque de diversões e Alexia percebeu que o mesmo ocupava boa parte da principal avenida da cidade que ela se deu conta de que não havia combinado um local exato para encontrar Filippo.

"A gente vai ter que procurar por ele".

"Fala sério!", Melissa reclamou. "Você já viu o tamanho desse lugar?".

Alexia revirou os olhos.

"Vou tentar ligar para ele então", disse ela.

"E enquanto isso, eu vou comprar um algodão-doce!", Melissa exclamou, soando como uma criança.

E enquanto a garota seguiu saltitante até onde um homem vendia a delícia açucarada, Alexia sacou o celular do bolso da jaqueta que usava, porque o clima instável de Horizonte estava frio o suficiente para precisar de uma, e discou o número de Filippo. Enquanto aguardava que o garoto atendesse, porém, ela ouviu uma música atrás de si e se virou a tempo de esbarrar em um Filippo que pretendia lhe fazer uma surpresa.

"Opa!", o rapaz exclamou, dando um passo para trás e rindo de nervoso ao coçar a nuca.

Alexia compartilhou do riso.

"Estava te ligando agora mesmo, para saber onde nos encontrarmos...", ela encolheu os ombros ao se explicar.

Filippo assentiu.

"Vi você e a sua prima. Eu estava bem ali", o rapaz apontou para uma barraquinha não muito longe, onde pessoas atiravam tentando acertar o alvo e ganhar um urso gigante.

"Parece divertido", disse Alexia, pondo o celular no bolso da jaqueta antes de voltar a encará-lo. "Faz muito tempo que você chegou?".

"Não muito", Filippo respondeu. "E, de qualquer forma, eu estava com a minha irmã e a amiga dela".

"Ah...", ao ouvir isso, foi impossível para Alexia não se sentir afetada. Só o que ela pensava era que não queria que Christina se sentisse insegura e agora sabia que a garota estava ciente de que Filippo fora ali para vê-la e não gostava nada da sensação amarga de estar fazendo algo que não devia. "E elas não vão ficar chateadas se você as trocar por mim e pela Melissa?".