3º Capitulo

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Aperto o meu casaco até ao pescoço assim que dou o primeiro passo para a rua, fecho a porta de casa atrás de mim e olho para o relógio onde vejo que só falta dez minutos para encontrar o rapaz anónimo. Será mesmo uma boa ideia, encontrar-me com alguém que não faço a mínima ideia de quem possa ser?

O vento faz-me os cabelos irem para a cara enquanto caminho, parece que vai chover hoje. Ando mais depressa assim que começo a avistar o parque infantil, apenas uma criança está a andar no baloiço enquanto o que eu acho ser a sua avó ou talvez seja uma baby-sitter está sentada num banco a olhar para a pequena criança.

Sento-me no banco vazio que fica ao lado do banco onde a senhora está sentada, mais uma vez olho para o meu relógio e vejo que ainda faltam cinco minutos para as dez.

Um pequeno lago que fica ao lado do escorrega está vazio, lembro-me de quando era criança possivelmente devia ser da mesma idade do menino que estava a andar de baloiço, antes havia lá patos, eu costumava divertia-me a atirar-lhes pão com a Zoe...

Passava-mos cá tanto tempo a brincar normalmente o meu pai ai buscar-nos à escola e depois vínhamos para aqui brincar, eu passei neste parque muitos bons momentos em toda a minha vida.

O meu olhar vai de novo para o relógio, agora faltam exatamente dois minutos para as dez, se o rapaz anónimo for pontual está quase a chegar.

Lembro-me muito bem de uma vez ter vindo cá com a minha avó e de termos feito um piquenique na relva, foi bastante divertido comemos sandes de fiambre enquanto bebíamos somo de laranja feito por nós, a minha avó é uma ótima mulher, quando a minha avó ficou gravida da minha mãe, o meu avô abandono-as, foi por isso que nunca o conheci, a minha avó tratou da minha mãe sozinha e da minha tia que é três anos mais nova do que a minha mãe, e depois tratou dos netos, de mim e dos meus primos.

Mais uma vez olho para o relógio e vejo que já está na hora, a cada segundo que passa a minha ansiedade para saber porquê que querem falar comigo está a aumentar à velocidade da luz, sinto-me como se estivesse dentro de uma pequena bolha que é um mundo há parte onde os segundos se transformam em minutos, os minutos transforma-se em horas, as horas em dias, os dias em meses e os meses em anos.

Tento controlar o frio que sinto no interior da minha barriga e o som do meu coração a bater fortemente contra o meu peito como se fosse saltar a qualquer momento para fora do meu peito. Tento concentrar-me noutra coisa, tento pensar em mais uma das minha muitas memórias que tenho deste parte mas simplesmente nada me vem nada à cabeça, a ansiedade e a curiosidade estão literalmente a comer-me por dentro.

Desvio o meu olhar para o relógio mais uma vez e já passaram cinco minutos deste as dez, seja lá em for não é pontual.

Bem, já sei duas coisas sobre este anónimo, não é pontual e é um rapaz.

A criança que à pouco estava no baloiço está agora a escorregar pelo escorrega abaixo enquanto ri sozinha, aposto que na cabeça daquela criança, ela não está apenas num parque a descer pelo escorrega, a sua mente provavelmente está a imaginar outro cenário onde as nuvens não estão a cobrir o céu e onde o sol brilha como nunca antes brilho, nesse sua 'mundo' possivelmente ele não está a brincar sozinho mas sim com mais amigos que provavelmente não existem. Eu era assim quando era criança imaginava tudo e mais alguma coisa havia dias em que eu estava mais tempo dentro da minha mente do que no mundo real, nessa altura eu podia-me imaginar em qualquer parte do mundo, podia pensar que era astronauta ou pirata, bailarina ou pintora tudo o que uma criança quer fazer quando for grande, apesar de quando crescemos perdemos a vontade de fazer tudo o que antes queríamos, ficamos apenas só em nós mesmo e focamos-mos só na realidade e deixamos o mundo fantástico de fantasia em que vivíamos quando éramos crianças.

Always | H.S |Where stories live. Discover now