65º Capitulo

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"Não pai, eu estou bem" Digo através do telemóvel.

"É que agora não passas tempo nenhum em casa" a voz do meu pai parece um pouco triste, mas de qualquer das maneiras mais cedo ou mais tarde ele iria ter de aprender a viver uma vida em que eu não estarei tão presente.

"Não te preocupes, amanha faço-te companhia. Temos de falar sobre o teu futuro restaurante!" Digo e ouço-o a dar uma gargalhada. "O teu carro já está em casa por isso já podes sair quando quiseres" informo-o.

"Tu vais ter o teu próprio carro em breve filha, depois não vais ter de andar a roubar mais o meu" dou uma gargalhada um pouco forçada pois a vontade que eu tenho de rir no dia de hoje é completamente nula.

"Estou ansiosa para o ter. Pai a mãe está ai?" Pergunto.

"Não ela saiu há pouco, não onde é que foi" consigo imaginar o meu pai a encolher os ombros como sempre faz.

"Oh, okay. Não a deixes ficar zangada comigo por não estar a passar tempo nenhum com ela. Até amanha pai"

"Até amanha filha" e a chamada desliga-se.

Respiro fundo e entrego o telemóvel ao Harry já que o meu tinha ficado sem bateria.

O seu braço que rodeia os meus ombros puxa-me ainda mais para ele e encosto a minha cabeça ao seu ombro enquanto observo os seus olhos atentos no televisor.

"O meu pai diz que eu já não passo tempo nenhum em casa" a sua cabeça inclina-se para conseguir olhar para mim.

"Era mais fácil se fizesses o que eu te digo e viesses morar comigo" ele diz e volta a olhar para a televisão. "E nós já sabemos o que acontece quando não me dás ouvidos" ele acrescenta e eu reviro os olhos perante o seu comentário.

Ele esteve a atirar-me isso à cara a tarde toda. Eu tenho a perfeita consciência do que fiz foi errado, nunca deveria ter roubado a morada ao Harry, porque se não o tivesse feito não estaria agora na situação onde estou, em que a imagem do corpo da Sheila morto no chão não se apaga da minha cabeça.

"Vais continuar-me a atirar isso à cara?" Questiono tentando afastar-me do se aperto, coisa que não consigo fazer.

"Sim vou, porque não quero se volte a repetir" ele volta a olhar para a televisão.

Tento ficar atenta ao programa que passa no televisor mas não consigo deixar de pensar no dia de hoje. Quando o Harry tratou de ir buscar o carro do meu pai enquanto eu ficava no conforto da sua casa ele também tratou de ligar para o número de emergência a informar sobre a Sheila. A polícia exigi-o vir cá a casa para falar comigo já tinha sido eu a encontrar o corpo, combinei com o Harry dizer que eu era uma amiga da Sheila e que fui simplesmente a sua casa para falar com ela mas como a porta estava aberta entrei e encontrei-a morta. Não poderia dizer à polícia que invadi a sua casa pois isso é ilegal e não queria de me acusassem de qualquer coisa que não era de todo verdade.

Aconchego a cabeça contra o ombro do Harry e puxo a manta que cobre o meu corpo até ao pescoço. Sinto o cansaço do dia de hoje e tenho uma enorme vontade de dormir até que as coisas estejam todas bem até que o mundo deixe de estar virado do avesso.

Assim que fecho os olhos não demoro muito a cair no sono.

Não sei onde estou, apenas sei que me sinto perdida e com vontade de fugir apesar de não saber do que deva fugir. Sinto a adrenalina a fluir pelas minhas veias.

Olho em volta e estou dentro de uma casa, ando pelo corredor até que entro numa cozinha assim que olho em volta um corpo está no chão. Tento gritar mas não consigo libertar nenhum som, tento me mexer mas também não consigo é como se estivesse pressa a algo invisível. Os olhos abertos da rapariga loira fixam os meus, Sheila olha para mim e consigo ver os seus olhos de pupilas dilatadas a tornarem-se buracos negros e assustadores.

Always | H.S |Onde histórias criam vida. Descubra agora