67º Capitulo

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No primeiro dia, depois de saber da morte da minha melhor amiga, estava numa completa fase de negação, limitava-me a pensar que todos estavam a mentir-me, e, do nada, um homem com uma câmara ao ombro iria aparecer e dizer que era para um estúpido programa de televisão, o que obviamente não aconteceu. Até me sinto uma completa idiota de ter pensado nessa possibilidade. Depois da negação veio a raiva, sentia-me tão furiosa como se fosse uma bomba que pudesse explodir a qualquer instante, sentia uma enorme necessidade de culpar alguém, queria poder amaldiçoar milhões de vezes a pessoa que tinha morto a minha melhor amiga. A seguir uma tristeza devastadora atingi-o todo o meu ser, já não sentia que era tudo mentira, já não me sentia furiosa e nem sequer tinha vontade de culpar alguém, de quê que me servia culpar alguém? Nada, simplesmente nada. Culpar alguém não iria mudar o que aconteceu.

Agora estava melhor, apesar de sentir que ainda estava na minha terceira fase, já não sentia aquele tristeza profunda, já não sentia aquela vontade de chorar cada vez que acordava ou que deitava a minha cabeça na almofada. Estava melhor, mas ainda não estava bem.

Ontem à noite quando o meu telemóvel tocou e o meu primeiro pensamento foi parar ao Harry, não fora ele que me ligara. A voz do Liam fez-se ouvir desde que tínhamos conversado sobre a visita da Sheila a sua casa relembraram-me que eu ainda tinha um grande amigo com quem eu pudesse sempre contar.

"Chegamos" Liam diz acordando-me dos meus pensamentos e consigo ouvi-lo a respirar fundo.

Saiu do carro com o ramo de lírios de um tom rosa claro preso na minha mão. Eu e Liam caminhamos um ao lado do outro em direção aos grandes portões negros que davam entrada para o triste e sinistro cemitério.

Não pode deixar de relembrar a ultima vez que cá estive, Harry aparecera cá e pela primeira vez, encontramos-mos por simples obra do destino. Lembro-me dele dizer-me em como a Zoe e o Ryan deveriam ter sido sepultados um ao pé do outro e depois beijar-me. Nessa altura ainda não saberia metade das coisas que ainda estavam para acontecer enquanto deixava-me lentamente apaixonar pelo rapaz de cabelos castanhos encaracolados.

"Odeio este sítio" Liam sussurra mais a falar para ele mesmo do que para mim, por isso mantenho o meu silêncio.

Paramos de andar quando estamos à frente da sepultura de Zoe.

"Filha e amiga.

Permanecerá para sempre no nosso coração."

Li as duas frases que estavam escritas na sua lápide. Mas que imaginação, Zoe era muito mais do que filha e amiga ela era a rapariga mais espetacular que eu alguma vez conheci, ela merecia mais do que duas frase, que certamente estão repetidas em mais de metade das lápides deste cemitério.

"Tenho tantas saudades dela" digo e sinto a mão de Liam a apertar a minha como um gesto de força.

"Ela morreu demasiado jovem. Lembras-te de quando estávamos na minha casa e ela fez uma lista de coisas que queria fazer no seu futuro?" Olho para Liam já com lágrimas a rolarem-me pelas bochechas.

"Como poderia esquecer?" Digo e pouso o ramo de lírios que eu e Liam compramos à frente da sua lápide.

"Isto não devia ter acontecido. Não com ela." Liam leva a sua mão à sua face limpado todas as lágrimas.

"Por vezes, penso que se eu tivesse decido fazer qualquer coisa com ela naquele dia, ela ainda estaria aqui connosco" admito e um sentimento de culpa invade todo o meu corpo.

Porquê que naquela noite tive de me limitar a ver televisão com a minha mãe? Porquê que eu não a convidei para ir para minha casa ou para ir a um sítio qualquer? Porquê que enquanto eu estava deitada no meu sofá a sentir-me bem Zoe estava a morrer, a sofrer, a sentir dor. Como é que é possível as coisas serem assim? Tão cruéis, tão injustas, tão horríveis?

Always | H.S |Where stories live. Discover now