| FIM |

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- É isso aí

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- É isso aí... - prossegue. - Era pra esse ser o nosso primeiro encontro depois de três meses trocando mensagens. Eu não sei como as coisas começaram a sair do controle e agora parece que todo mundo do colégio resolveu pintar aqui na cafeteria. O que queria dizer, na verdade, é que se não fosse aquele cara ali, talvez à essa hora eu ainda estivesse naquele maldito chat, me escondendo atrás de um usuário sem foto de perfil e bloqueando qualquer um que tentasse sair de trás da tela para a vida real. Então obrigado cara, por ser paciente e não desistir de mim no primeiro bloqueio - nem mesmo depois, quando eu te desbloqueei e tentei uma reaproximação. - É que o problema não está em sair do armário, o problema é sair para o mundo. Mas se eu estou aqui agora, significa que não é impossível. Ainda é cedo para eu dizer que te amo, ainda é cedo para sairmos por aí de mãos dadas, ainda é cedo para que eu possa sentar e ter aquela conversa com meus pais, mas é o momento certo para eu dizer o quanto gosto de você e o quanto quero fazer todas essas coisas.

Quando termina, Samuca apenas permanece ali, em pé, cercado por todos os olhares, os braços cruzados, sem saber ao certo o que fazer a seguir, apenas esperando que o universo mande um sinal.

Na mesa, permaneço imóvel e ofegante, compartilhando da mesma apreensão que ele. Não me parece crível que ele tenha feito isso, que tenha escancarado as portas do armário justamente aqui, na frente de todos os seus amigos do colégio, mas foi exatamente o que ele fez, e agora eu me sinto num daqueles filmes onde o personagem se vê encurralado por uma declaração arrasadora.

Nessas ocasiões o corpo parece não responder aos estímulos enviados pelo cérebro.

- Tá legal, tá esperando o quê?! - Samanta rompe o silêncio, dando um empurrãozinho no Samuca. - Vai lá e beija ele. Não se faz uma declaração boba dessas sem um beijo no fim, a pagação de mico tem que ser completa.

Ele ri, de leve, e embora avance um pouco, não faz o caminho completo:

- Anda! Vai ser feliz! - Naomi encoraja, sorrindo para mim. - Você também merece isso.

Assinto em confirmação, e então levanto.

Tal como nos filmes, o tempo parece parar e tudo ao meu redor gira em câmera lenta. Conforme avanço, tento não pensar nas mensagens trocadas madrugada adentro, tento não lembrar como o som do seu riso é bonito de ouvir nos áudios ou como as fotos de seu abdômen negro e trincado me incendiavam as noites, é inevitável não sucumbir a elas, estão atreladas em mim e nele, é tudo o que construímos. Quando chego perto o suficiente para perceber que sem dúvidas serei o "baixinho" do casal, Samuca me estende um sorriso encantador que é ao mesmo tempo reconfortante e libertador; é o nosso passe livre para a felicidade.

Então eu o beijo.

Seus lábios grossos, suas mãos firmes me puxando para si, as minhas massageando seu cabelo crespo. Por um momento quase esqueço que não estamos sós em nosso momento indelével, até ouvirmos palmas:

As Quatro Badaladas do Sino de Natal (Romance LGBTQIA+)Donde viven las historias. Descúbrelo ahora