| FIM DESTE CONTO |

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Pulo para fora do carro, pisando a neve escorregadia no asfalto, somos os únicos no posto 24h e eu duvido muito que haja mais alguém há pelo menos uma milha de distância

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Pulo para fora do carro, pisando a neve escorregadia no asfalto, somos os únicos no posto 24h e eu duvido muito que haja mais alguém há pelo menos uma milha de distância. Até onde minha vista consegue alcançar, tudo o que vejo é neve e mais neve, caindo do céu freneticamente e se amontoando no chão.

Sigo até a bomba de abastecimento, trazendo a mangueira até o tanque, o velhinho preferiu ficar lá dentro, aquecido no conforto do veículo. Penso em acender um cigarro, mas anulo a ideia assim que percebo o perigo fatal nisso tudo, checo os bolsos, além do cartão de crédito do meu pai - pego com o seu consentimento, palavra de escoteiro! - não tenho mais que alguns centavos. - Um jeito nada bacana de ir em um encontro:

- Vou pegar uma soda! - anuncio, indo em direção a máquina de bebidas mais à frente. - Vai querer?! - pergunto

- Eu fico com o café quentinho que me espera, meu rapaz. - Ele responde, pulando as estações de rádio dentro do carro.

- Isso facilita as coisas... - digo para mim mesmo.

O fato é que a máquina só aceita cédulas, e como tudo o que eu tenho a minha disposição são só alguns míseros centavos, decido pôr em prática minha tática pessoal. Olho para os lados - ninguém à vista! - e então abraço a máquina com ambas as mãos, chacoalhando para frente e para trás até que ela me deixe escapulir uma latinha. O processo todo faz um bocado de barulho, cujos ouvidos de alguém com seus aparentes sessenta anos é incapaz de ouvir.

Retorno para a bomba, saboreando a sensação de um ato bem-sucedido, não é a coisa mais legal a se fazer no dia em que o nascimento de jesus cristo é celebrado, mas as pessoas estão sempre fazendo besteira, e são com frequência perdoadas por elas.

Jesus é misericordioso.

Efetuo o pagamento com o cartão do meu pai - mal vejo a hora de ter um desses! - e logo estamos prontos para seguir viagem. É a segunda vez que Jingle Bells está tocando na rádio, e tenho convicção de que não se trata da mesma estação que estávamos ouvindo antes:

- Desiste - comento. - é Natal, não vamos ouvir nada além disso pelo menos até amanhã...

Ele ri, lançando um olhar meio suspeito para a latinha que carrego na mão. Dou mais um gole, a depositando no suporte ao lado e dando partida.

...

Não sei ao certo como agir, e enquanto estaciono, pela primeira vez sinto algo estranho em meu estômago - deve ser nervoso... - penso, e talvez seja mesmo.

Tudo o que eu queria era encontrar o carinha com quem venho conversando há meses, mas, curiosamente, acabei vivendo uma das noites mais loucas da minha vida, e mesmo agora, ainda me parece loucura que eu esteja em frente à BearBucks e prestes a entrar trazendo um velhinho bastante misterioso comigo, mas tudo é real e, seja como for, não há mais nada a fazer senão seguir em frente.

Saímos do carro, e enquanto observo o ursinho branco da logo do café, desejo que eu tenha palavras para explicar tudo o que me ocorreu desde que saí de casa mais cedo.

Entramos, atraindo a atenção de todos com o tilintar de uma sineta acima da porta, mas o que vejo em seguida é tão absurdamente louco quanto as coisas estão sendo essa noite...

Entramos, atraindo a atenção de todos com o tilintar de uma sineta acima da porta, mas o que vejo em seguida é tão absurdamente louco quanto as coisas estão sendo essa noite

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As Quatro Badaladas do Sino de Natal (Romance LGBTQIA+)Where stories live. Discover now