| FIM DESTE CONTO |

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- TONY!!! - Denise grita ao bater os olhos em mim, como se eu fosse o próprio milagre caído do céu (ao invés de precisar de um), e no instante seguinte está segurando meu antebraço de modo meio dramático, me deixando completamente transtornado:

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- TONY!!! - Denise grita ao bater os olhos em mim, como se eu fosse o próprio milagre caído do céu (ao invés de precisar de um), e no instante seguinte está segurando meu antebraço de modo meio dramático, me deixando completamente transtornado:

- QUE DIABOS VOCÊS FAZEM AQUI!? - questiono, mas nenhuma das meninas parece saber ao certo a resposta, nem mesmo a Agnes e a Samantha, que apenas olham uma para a outra, perdidas, sempre desempenhando o papel de lacaias da Denise, que as lidera como uma abelha rainha em meio a uma colmeia de abelhinhas acéfalas e ordinárias:

- Bearbuks de St. Dalai, é para lá que estamos indo (caso essa maldita nevasca resolva passar), vamos gravar nosso clipe de Natal e depois comer alguns Brownies (já que é a única coisa tragável daquela espelunca), pretendíamos ir ao Pop Taste, mas adivinhe só? eles não abrem hoje, e agora estamos aqui paradas nesse fim de mundo, mas nosso bom Deus resolveu nos mandar meu lindo e heroico ex-namorado, que sem dúvidas vai nos tirar dessa 'fria'.

Desvencilho seus braços do meu, é em vão, ela os rodeia no limite do meu abdômen:

- E-eu não posso ajudar vocês... - Digo. - Não tenho sinal no celular e... - é só então que eu percebo. - Você disse Bearbuks?!

- Sim meu bem, foi isso que eu disse, porquê?

Eu mal posso acreditar, e com certeza é tarde demais para disfarçar a minha grande surpresa:

- É que eu também estou indo para lá, na verdade era isso que eu estava fazendo quando vocês apareceram do nada!

- Ahhhhhhhhhh! - Ela solta um gritinho entusiasmado, daqueles que deixam um pequeno eco fininho em seu ouvido depois que vão embora. - É claro que iremos com você! Tínhamos isso em mente, mas não queríamos fazer sozinhas, agora que temos nosso zangão podemos chegar em segurança, vamos meninas.

Dito isso ela apenas me arrasta pela cintura trem afora, me deixando sem alternativa senão seguir a frente do grupo, a neve que cai é espessa, e está à poucos centímetros do joelho, ponho meu capuz e sigo liderando a caminhada, com a Denise grudada novamente ao meu braço, as meninas estão tão juntas umas das outras que parecem uma só, e enquanto caminho, não deixo de pensar em como a Naomi deve estar neste exato momento, se conseguiu chegar em segurança a Bearbuks e se vai querer me ouvir quando me ver entrar pela porta da cafeteria trazendo minha Ex e pelo menos meia dúzia de líderes de torcida.

- Por que o Bearbuks? - pergunto. - Tem vários outros cafés bacanas e bem mais próximos que estão funcionando hoje.

Olho para ela ligeiramente, o suficiente para a ver revirar os olhos, coisa que está sempre fazendo:

- Agradeça a Lexi por ter aceito o emprego lá, agora precisamos dela e só o que teremos até o final do seu expediente é uma 'atendente de cafeteria'. Bom, primeiro os meus pais e agora isso, acho que as coisas não podem piorar.

Por mais inacreditável que possa parecer, no mesmo instante em que a Denise finaliza a frase, um carro vindo sabe-se lá de onde, cruza o nosso caminho um pouco acima da velocidade e passa por cima de uma pequena poça de lama, respingando em nós dois e mantendo as meninas que vêm logo atrás ilesas:

- DESCULPEM! - um carinha que dirige o carro grita pela janela, sumindo na estrada:

- Ahhhhhhhhhh! - Outro gritinho, enraivecido, ela para, finalmente tentando limpar as manchas de lama em seu traje vermelho e verde, é em vão, então ela parte pro chilique, batendo os pés na neve:

- Não vou a lugar nenhum assim! - diz. - Vamos parar naquele posto ali e a Júlia troca de uniforme comigo, a capitã das líderes não pode aparecer no clipe desse jeito.

Há o silêncio, mas nenhuma objeção é ouvida (nem mesmo por parte da Júlia), como as coisas sempre são, um dos motivos pelos quais resolvi terminar tudo entre nós; as coisas sempre têm de ser como a Denise quer, é isso ou passar horas ouvindo sua histeria agoniante:

- Só espero que lá tenha cerveja... - digo por fim, quando todos seguem a abelha rainha, eu poderia as largar à própria sorte e seguir caminho, mas logo trato de me lembrar do que o velhinho me disse hoje cedo, sem contar que eu não quero ser o tipo de homem que deixa oito garotas virarem picolé em plena véspera de Natal, porquê sem dúvida é isso que aconteceria se eu as deixasse aqui agora...

...

Bearbuks, meia hora depois...


- E aí? Alguma notícia? - pergunto, meu Baunilha Latte ficou pela metade, frio, e ainda somos dois frustrados ávidos por qualquer notícia que seja de nossos respectivos pares:

- Nada... - Kevin suspira, mas não chego a ouvir o que ele diz em seguida, pois neste exato momento ouvimos o sininho sobre a porta de entrada tilintar, anunciando a chegada não só do Tony, mas da Trindade Profana e todas as outras líderes de torcida do colégio, eu posso ver tudo, mas me recuso a acreditar, assim que nossos olhares se cruzam, o Tony se desfaz dos braços da Denise (que o enrosca como uma verdadeira serpente), mas é tarde demais, seja para uma justificativa, um encontro, uma resposta, ou qualquer outra coisa...  

  

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As Quatro Badaladas do Sino de Natal (Romance LGBTQIA+)Onde histórias criam vida. Descubra agora