| PARTE III |

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- De onde saíram tantos pirralhos? - Indago, observando-os conforme cada um deles se acomoda ali, no chão mesmo

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- De onde saíram tantos pirralhos? - Indago, observando-os conforme cada um deles se acomoda ali, no chão mesmo. Só agora percebo que eles estão sob a supervisão de alguém, um homem, de feições simpáticas e que me parece tão empolgado com tudo isso o quanto as crianças:

- Orfanato São Cosme e Damião! – A velhinha afirma, exultante. E até que faz sentido, se as crianças aqui presentes tivessem família, não haveria sequer motivo para estarmos fazendo isso.

Como não pensei nisso antes?

– Sabia que chegariam cedo ou tarde. É essa nevasca, sabe? Fomos todos pegos de surpresa por ela.

Ao ouvi-la falar sobre a nevasca, não deixo de pensar na Lexi, lá fora, distante, servindo clientes solitários em plena véspera de Natal, tudo por um único sonho: conseguir grana o suficiente para começar a cursar música na Universidade Estadual, ideia essa que nunca me agradou muito. Por mais doloroso que seja para mim admitir, o amor é mais uma dessas coisas que não suporta o peso da distância, é uma verdade incontestável (Que desce melhor se ingerida com água).

Tenho medo de deixa-la ir e não tê-la de novo.

O amor sempre foi um pouco egoísta...

Observo as crianças, atentas e silenciosas. Elas não brigam entre si nem se empolgam em conversas paralelas, parecem enfeitiçadas e cheias de expectativa pelo que quer que faremos a seguir:

- O que vem agora? – murmuro, levemente sem graça ao perceber que todos os olhinhos brilhantes se voltaram a mim. Por trás do grupo, o homem assente afirmativamente, mostrando que já está tudo nos conformes. Podemos começar:

- Agora – ela diz. – Faremos essas crianças felizes, para que saibam que não estão sozinhas no mundo. – Pontua, enchendo-se de uma luz radiante.

Não é nada ensaiado, a velhinha Mamãe Noel se aproxima do "pequeno público" e, com a maior sutileza do mundo, começa um papo irreverente com cada uma delas. Dentre as várias perguntas que faz – sendo respondidas com ânimo por eles. – Estão aquelas que se referem ao comportamento, a boa relação com os funcionários do orfanato, as frequências nas aulas, e também a organização dos quartos. O responsável por eles não discorda em nenhum momento, e não há como duvidar que são criancinhas formidáveis. Algumas delas me apontam com entusiasmo, cochichando algo entre si. – Possivelmente discutindo o que esperam ganhar de presente. – Penso. – Ou sobre como esse Papai Noel que vos fala é estranhamente esquisito.

Quando o papo jubiloso termina, (o que levam alguns bons minutos), a velhinha já deu boas risadas junto as crianças, mas, estamos falando de crianças! Eu consigo ver através de suas feições, estão ávidas pelos presentes dentro do grande saco. A Mamãe Noel se volta ao nosso mini coral, assentindo com a cabeça afirmativamente, eles logo começam a entoar uma cantata natalina minuciosamente ensaiada, e do outro lado, as crianças começam a se organizar numa fila única:

- Não é nada demais, eles passarão por mim, pegarão os seus respectivos presentes e trocarão algumas palavras com você. Elas amam uns minutinhos de colo com o bom velhinho!

Respiro fundo, tentando não soar tão apavorada o quanto estou. Habilidades sociais, nunca será o meu ponto forte. Me volto em direção ao grupo:

- Todas elas? – indago.

- Não conheço uma criança sequer que desperdice a chance de um pedido.

Que ótimo! Justo quando eu decido chegar mais cedo, acabo assumindo a identidade do papai Noel e ficando presa em meio a presentes, pedidos que não poderei cumprir e cantatas natalinas. Acho que alguém lá encima resolveu me castigar por desprezar o dia de seu nascimento. 

 

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As Quatro Badaladas do Sino de Natal (Romance LGBTQIA+)Dove le storie prendono vita. Scoprilo ora