“Penny! Penny! Acorda, Penny! Tá fazendo o que aí parada? A gente precisa correr, vem!”
Penny, simplesmente assim. O que diabos a mãe dela tinha em mente lhe dando um apelido como nome? Em uma época diferente em que nomes ainda importavam, ninguém realmente a levava a sério quando se apresentava. “Penny do quê?” era uma pergunta comum na sua vida, e a resposta era simples:
“Penny de Penny, ué!” Fazia tanto tempo que ninguém chamava seu nome que, por um instante, nem percebeu que ele falava com ela.
Henrique a alcançou e, tocando seu ombro, tirou-a de seu adorável estupor, o primeiro momento de paz interior que ela tivera em muito tempo. Estava tão calma e otimista naquele momento que o mais leve toque dele em seu ombro quase lhe fez perder o equilíbrio.
“Penny, eu duvido que tenha algum barco que presta ainda em algum lugar por aqui, mas precisamos ir até o porto se queremos sair daqui antes de anoitecer.”
Apesar das palavras dele serem totalmente lógicas na mente dela, simplesmente não conseguia sair dali. Havia criaturas caminhando por toda a praia, mas escolhera um canto completamente deserto para aproveitar aqueles poucos instantes de calmaria antes de assumir esta nova etapa da jornada.
Em um impulso incontrolável, removeu as botas e começou a caminhar para frente, descalça, sentindo a areia fria se esgueirar entre os dedos dos pés. Sob o olhar atento e apreensivo de Henrique, caminhou até sentir os pés alcançarem a maré tranquila e fechou os olhos. Ela virou-se pra trás e lhe sorriu com todos os dentes:
“Estou pronta. Vamos.”
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Dia Zero (Saga Zero #1)
HorrorNo meio de uma crise de saúde mundial, São Paulo é tomada por uma epidemia que faz com que os mortos levantem em busca de carne humana, isolando do mundo uma garota despreparada que se vê forçada a enfrentar uma nova realidade na solidão completa de...