Balanço a cabeça e respiro fundo, pois, como disse, não sei como lidar com essa situação. Minha vontade é de correr até ele e gritar que o amo e só quero uma nova chance de refazer as coisas, mas não quero parecer imprudente ou inconsequente. Quero fazer a coisa certa desta vez, mostrar que mereço mais um ato de misericórdia. O único problema é que eu não faço ideia de como fazer isso.

Os próximos períodos passam logo e o horário do almoço chega. Me forço a comer pelo menos um pouco, pois não estou com um pingo de fome, no entanto isso faz com que o meu estômago fique enjoado e eu queira ir ao banheiro. Jasmine se oferece para vir comigo, mas Novalee aparece na nossa mesa bem no momento em que eu me levanto, portanto insisto que a minha amiga vá com ela e que consigo me virar sozinha. Depois de muito resmungar, ela concorda, e eu vou ao banheiro sozinha.

Jogo um pouco de água no meu pescoço e pulsos e me apoio por alguns minutos com as mãos na pia. Respiro fundo algumas vezes até me sentir bem o suficiente para sair.

Estou caminhando em direção ao gramado quando ouço aquela voz familiar grave, mas doce e levemente rouca chamar o meu nome, que soa ainda mais bonito saindo dos seus lábios, fazendo meu corpo congelar e o meu coração parar.

- David? – indago, mesmo já sabendo a resposta, e me viro lentamente para trás.

Ele não está de preto hoje pela primeira vez desde que voltou pra cá. Nem com o capuz do moletom sobre a sua cabeça. Considero isso como um bom sinal.

- Sei que isso pode soar estranho, mas eu preciso falar com você – ele diz enquanto avança os passos na minha direção.

- Ok – respondo, dando abertura para que ele fale, colocando as mãos nos bolsos da calça. Ainda é estranho para mim me sentir constrangida perto de David, mas é exatamente como me sinto desde que ele voltou, já que não consigo balancear muito bem os meus sentimentos.

- Eu... – ele encara o chão por alguns segundos e então fixa o olhar em mim. – Eu quero te pedir desculpas.

- Como? – deixo escapar num impulso com a confusão. David está me pedindo desculpas. Por quê? Isso é estranho.

- Eu não devia ter te expulsado daquela forma da minha casa no sábado. Foi muito sem educação e insensível da minha parte – ele explica.

Uau, estou realmente impressionada. Eu nem sei o que dizer direito.

- Tudo bem, por mais que eu tenha ficado chateada na hora, eu entendo por que você fez isso – respondo, cruzando os braços. – Você não me deve desculpas de nada. Eu invadi a sua privacidade, e...

- Eu não terminei – ele me interrompe sutilmente. – Você não tinha obrigação nenhuma de me levar para casa, ou cuidar de mim, ou permanecer comigo até que eu ficasse bem o suficiente, mas você o fez mesmo assim, e eu percebi que não te agradeci direito por isso, então obrigado. – Um pequeno sorriso singelo surge em seu rosto. – Se você não tivesse me encontrado caindo daquele boteco, só Deus sabe o que teria acontecido comigo – David parece constrangido ao se lembrar disso.

- Eu só fiz o que era certo, o que deveria ser feito. – Não quero me gabar por isso para que ele não pense que eu tentei tirar proveito da situação como eu insinuei erroneamente no sábado. – Mas aceito o pedido de desculpas e o agradecimento. – Curvo meus lábios em um sorriso tímido.

- Ótimo. – Sinto que ele vai encerrar o assunto, mas não quero deixar que acabe, então deixo meus sentimentos falarem mais alto.

- Me diga... – Tiro uma das mãos dos bolsos e seguro em seu braço. – Me diga que você também sente a minha falta, porque eu sinto a sua. Porra, como eu sinto!

Crumble to Ashes | Phoenix Love #2Where stories live. Discover now