1º Capitulo

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Talvez a dor implacável que neste momento sentia no meu peito, um dia pudesse desaparecer ou pelo menos ficar mais fraca. A dor angustiante de pensar que a morte é algo comum, completamente inevitável e que provavelmente irei voltar sentir de novo está dor que ela trás consigo mete-me completamente num estado quase insano.

Zoe Collins, estava na casa do seu namorado, Ryan Mitchell, quando ambos foram alvos de um atentado. Zoe foi morta com um tiro fatal certeiro no peito e Ryan morto com um tiro na perna e com outro na cabeça. Não se sabe o porquê, nem sequer há suspeitas de quem possa ter feito tal ato maldoso.

Eu só espero que a polícia não demore muito a resolver o caso, só quero saber quem e porquê que mataram a minha melhor amiga.

E quem sou eu? Rosie Waters, a rapariga de dezanove anos que neste momento sofre com a morte da melhor amiga. Quando penso que nunca mais terei nenhuma conversa sem um único sentido lógico com ela, que nunca mais vou ter de ouvir os seus guinchos de felicidade que outrora considerava irritantes, mas que neste momento só desejo ouvi-los, nunca mais irei poder dizer-lhe que o seu cabelo castanho incrivelmente liso está despenteado, ó céus como ela odeia estar despenteada, bem odiava...

"Estás bem?" A voz preocupada do meu pai fez-se ouvir dentro do carro silencioso.

"Sim." Disse apesar de neste momento eu estar tudo, menos bem... Os olhos cinzentos azulados do meu pai desviaram-se por breves segundos da estrada observando a minha triste e miserável figura, enquanto choro silenciosamente.

"Pai?" Chamo assim que o carro para num semáforo que acabou agora mesmo de ficar vermelho. O meu pai olha para mim com uma expressão completamente indecifrável e tira as mãos do volante.

"Eu não aguento a dor da perda." Desabafei sentido mais lágrimas a escorrerem pela minha cara. O seu olhar era vulnerável e frágil como do mais fino vidro que apenas de um simples toque pode-se desmoronar-se completamente.

"Rosie, eu sei que é complicado quando alguém próximo parte, mas pensa que há aquela mínima hipótese de algum dia, depois da tua morte, irás poder reencontrar a Zoe. Ninguém sabe o que há para lá da morte, nunca ninguém vivo esteve lá." Dei um fraco sorriso após o meu pai ter dito que nunca ninguém vivo esteve morto. O olhar do meu pai desviou-se do meu e voltou a fintar a estrada após o sinal ter voltado a ficar verde. As suas mãos apertam fortemente o volante fazendo com que os seus dedos fiquem num tom mais claro nas pontas. Eu sei que ele nunca se sente bem quando me vê a chorar.

"Filha, a dor vai diminuir com o tempo mas vai diminuir devagar e a um ritmo lento, não sei bem como consular-ter, todas as pessoas têm uma maneira diferente de lidar com a morte, só tens de descobrir a tua"

E ficou de novo tudo silencioso. Num dia completamente normal teria ligado o rádio, acho completamente horrível andar de carro num completo silêncio, adoro ouvir a música enquanto olho pela janela a ver a paisagem, mas neste momento nem isso sinto vontade de fazer, apenas quero estar em silêncio e em paz, sem ninguém a chatear-me, apenas eu e os meus pensamentos, enquanto estou deitada na minha querida cama enrolada nos cobertores quentinhos.

O carro parou à frente da igreja onde se ia dar-se o funeral de Zoe. Sai do carro e esperei que o meu pai fizesse o mesmo para podermos caminhar juntos.

Assim que entramos na igreja, esta estava cheia de gente apesar de metade dela eu nunca ter visto na minha vida. Estavam cerca de umas vinte filas de bancos longos e castanhos-escuros ao logo da igreja onde se sentavam pessoas vestidas de preto e por vezes com branco à mistura.

Os pais de Zoe estavam ambos situados perto do caixão, andei até eles enquanto sentia o meu estômago a contorcer-se mas sempre a sentir a mão do meu pai pousada nas minhas costas, como se ele estivesse a dizer-me por gestos que eu não estava sozinha.

"Rosie, querida" a senhora Lanie, mãe de Zoe, chegou-se perto de mim e deu-me um abraçado bastante apertado, quase de tirar a respiração, literalmente. Não consigo imaginar qual será a dor de perder um filho, deve ser a sensação mais terrível que existe há face da terra. Uma sensação que nenhum pai deveria sentir.

"Lamento" disse pela que eu acho ser a milésima vez. A mulher largou-me e a seguir foi a vez do senhor Billy, pai de Zoe, dar-me um abraço, não tão apertado como o de Lanie mas ainda mais reconfortante. Apesar de Billy não me ter dito nada a nossa troca de olhares foi o suficiente para perceber que estávamos a dar força um ao outro enquanto nos abraçávamos.

Assim que Billy largou-me dei apenas quatro passos até ficar à frente do caixão aberto, onde o corpo da minha melhor amiga morta estava pousado, a sua cara parecia de plástico, e a sua pele estava pálida e os seus lábios rachados começavam a ganharem um tom roxo, a minha mão pousou na sua, e o facto de que oitenta por cento das pessoas acham estranho mexer nos mortos, eu apenas acho uma coisa que não tem nada de repugnante.

"Eu amo-te, okay?" E mais uma vez desfiz-me em lágrimas. "Não vou deixar que ninguém substitua o teu papel, vais ser sempre a minha única melhor amiga. É contigo que tenho as minhas melhores memórias, nunca as irei perder. Apesar de saber que não vais estar presente no resto da minha vida sei que nunca irei encontrar ninguém como tu, Zoe. Tu és aquela rapariga que conheci na primária, e que desde então somos simplesmente inseparáveis, tal o sol no céu, ambos são inseparáveis um do outro, tal como tu e eu" larguei a sua mão fria e suspirei fundo. Afastei-me do caixão a chorar o mais que podia, olhei para os vários bancos castanhos ao longo da igreja, vi que o meu pai estava sentado na segunda fila, caminhei até ele pedido licença às pessoas para passar.

Assim que me sentei ao lado do meu pai agarrei-me o seu corpo com força e chorei no seu ombro, tal como se fosse uma criança, mas neste momento eu não queria saber o que parecia mas sim encontrar algo onde me sentisse confortável e neste momento é nos braços do meu pai que me sinto confortável. Os 'está tudo bem' que ele me sussurrava de algum modo faziam-me perceber que nada estava bem, tudo se estava a desmoronar-se aos poucos.

A voz de um padre começou a falar, a voz de qual eu não liguei nenhuma, não estou com cabeça para ouvir um padre a dizer que agora ela está no céu, como é que ele pode ter a certeza disso? Nunca esteve morto para saber.

Depois do padre ter continuado a contar as típicas lengalengas que fala da vida depois da morte e dos pecados cometidos e de mais mil e uma coisas do mesmo género, todos seguimos para o cemitério onde o corpo irá ser enterrado, ver o caixão onde estava a minha melhor amiga a descer para terra fez tudo a tornar-se muito mais real, por vezes, quando sobe da morte de Zoe pensava que era um pesadelo e que iria acordar no meu quarto e iria dizer 'está tudo bem', mas na verdade ela morreu e nada esta bem, e por incrível que pareça só consegui ter a certeza disso quando o seu caixão já estava debaixo de terra. Agora tenho encaixado na minha mente que nunca mais a irei ver.

Bastantes pessoas dizem: 'nunca digas nunca' mas a palavra nunca está presente em tudo hoje em dia por exemplo, eu nunca mais irei voltar a vê-la nem nunca mais irei voltar a ouvir a sua voz. E depois existe a outra metade da população que acredita no 'para sempre' já eu não acredito que exista um para sempre, vai ter sempre de haver um fim assim como teve de haver um inicio, o que começa acaba tal como eu e a Zoe, nós somos amigas desde que me lembro e agora o 'amigas para sempre' acabou não houve um para sempre pois a nossa amizade teve um fim, isto foi o nosso fim, não penso isto porque acho que a nossa amizade morreu, apenas acho que ela se partiu a metade, e metade agora está debaixo de terra e a outra ainda está aqui comigo bem viva.

Agora só restam memórias dela e da nossa linda e preciosa amizade.


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Hey! Espero que tenham gostado deste primeiro capitulo, eu espero que vocês gostem do resto da fic... eu estou com bastantes ideias para ela. Vou ser o mais regular possível a meter novos capítulos.

Love You!

Always | H.S |Where stories live. Discover now