— É o seu nome, não é?

Ele dá de ombros e vem em minha direção. Dou um passo para trás. Perto demais, perto demais.

— Pensei que tínhamos... sabe, ficado mais íntimos na última vez em que nos encontramos, Lia.

As três letrinhas do meu nome deslizam por seus lábios e língua e faz meu corpo estremecer. Traidor. Meus olhos param em sua boca por mais tempo que o necessário e preciso de toda a minha força de vontade para olhar para cima.

O que não adianta muito, porque os olhos dele são como imãs, são sugadores de força e minhas pernas fraquejam. Minhas costas batem na prateleira atrás de mim e Antony chega mais perto. Muito perto. O peito dele à um centímetro do meu.

Eu espalmo minhas mãos no peito dele, para manter esse centímetro que me resta de sanidade.

— Eu tenho que sair — digo, minha voz soa fraca, doente.

— Por quê? — A voz grave de Antony ecoa no pequeno espaço e percorre minha espinha. Fecho os olhos com força.

— Não gosto de lugares apertados. Me deixam sem ar.

— O lugar ou sou eu? — ele pergunta próximo a minha orelha e reprimo um pulo.

Céus, estou tão, tão ferrada. Não consigo abrir os olhos, não tenho forças para empurrá-lo, nem sei realmente se é isso mesmo que quero.

— Não seja egocêntrico — digo, engolindo em seco.

Ouço o riso baixinho de Antony e então a boca dele está na minha.

Não demora para que minhas mãos ganhem vida e agarrem a lateral de sua camiseta, o puxando para mais perto. Não há um pedaço de mim que não esteja tocando ele, além das minhas costas pressionadas na prateleira.

Quando a lingua dele encontra a minha, eu arqueio mais em sua direção. Parece que nunca estamos próximos o suficiente e de repente enlouqueço e quero me fundir a ele. Minhas mãos deslizam por suas costas largas e ele solta um som em minha boca e eu tomo tudo para mim.

Mais perto, cada vez mais perto.

O barulho de algo caindo no chão tira minha atenção de Antony e volto a mim. Ofego, me afastando o máximo que posso, minhas mãos ainda em punhos no tecido em suas costas.

— Senti sua falta — confessa, sem fôlego, a testa grudada na minha, então ele ri. — O que você está fazendo comigo, Emilia?

Saio de seus braços e abro espaço entre nós dois. Sentiu minha falta? Sério? Eu quero gritar com ele. Estapiá-lo. Mas me contenho. Não somos nada. Isso, o que quer que seja que acontece entre nós, não é oficial. Ele não me deve nada.

— Olha — eu encontro minha voz —, isso aqui não vai funcionar.

— Como assim?

Antony me olha confuso. Respiro fundo para manter a calma.

Isso. — Aponto para nós dois. — Nós. Quer dizer, não que exista um nós, eu nem ao menos sei como nomear. Mas sei que não vai dá certo.

— Acho que não estou entendo, Lia. Seja mais clara, por favor.

— Eu não sou como as garotas que você está acostumado a... sair. Nós deveríamos ser amigos, lembra? Nada além disso. Eu não quero que você me beije. Não quero, e nem vou, ser mais um nome na sua lista. Tudo bem que você esteja acostumado com esse tipo de... amizade, mas eu não estou.

— Lista? Meus Deus, Lia, você acha mesmo que eu tenho uma lista de conquistas, é isso? — Antony parece chateado de verdade agora.

Dou de ombros. O que ele quer que eu diga? É o que todo mundo diz.

— Você não faz nada para que pensem o contrário. E eu basicamente comprovei isso com aquela foto — acuso, a irritação tomando conta de mim.

— Foto? Que diabos de foto você está falando?

Eu não devia estar aqui. Essa conversa não vai nos levar a lugar algum. Me viro para porta pretendendo sair, mas Antony tem outros planos para mim. Ele me puxa para ele e enlaça minha cintura com um braço firme.

— Diz para mim, de que foto você está falando?

— Eu não quero falar disso.

Encaro a gola de sua camiseta. Não vou olhar para o rosto dele. Não vou!

— Por favor. Não estou entendo.

Ele ergue meu rosto com os dedos, e sou sugada outra vez por seus olhos. O que você está fazendo comigo, Antony?

— O quê? Vai me dizer que não lembra da garota que você beijou?

— Lembro muito bem — ele diz, enterrando o rosto no meu pescoço. Seu cabelo faz cócegas em minha bochecha. — Quer que eu refresque sua memória também? — sussurra no ponto abaixo da minha orelha.

— Estou falando sério! — falo, tentando não demonstrar como meu corpo reage ao dele. — Você beijou alguma garota em Albertine. Tem foto disso. O Theo postou.

Antony ergue o rosto no susto. Os olhos arregalados. Isso mesmo cara, te peguei!

— Eu vou matar o Theodoro — afirma irritado, me soltando e caminhando para a porta.

— Espera aí. — Seguro seu braço. — Quem anda beijando todo mundo aqui é você! Theodoro não tem culpa disso.

Antony olha para mim, depois encara o teto e passa as mãos pelo cabelo. Ele se recosta na porta e volta os olhos em minha direção outra vez.

— Não é o que você está pensando.

Jura? Ele vai mesmo me dar essa resposta batida?

— Eu vi.

— Sim, sim — me interrompe. — Não estou negando que aconteceu. Merda, Lia, aquilo foi intencional. Era só uma conhecida e ela veio me parabenizar por ter ganhado-

— Nossa, todas as suas amigas te parabenizam assim?

— Não! — nega, quase engasgando. — Ela me pegou de surpresa. Eu juro! A afastei meio segundo depois. Mas Theo é um cretino, eu disse para ele não postar aquilo.

— Olha, você não me deve explicações, certo? Só vamos parar por aqui.

— Mas quero explicar — ele desgruda da porta, claramente nervoso. — E para o inferno com isso de parar. Eu não quero parar. — Ele me olha fixo nos olhos e mantenho, incapaz de desviar. — E eu sei que você também não quer.

— Você não pode afirmar isso.

— Posso. — Em dois passos ele está próximo a mim. Uma mão tirando uma mecha rebelde de cabelo do meu rosto. — É o que eu sinto — diz baixinho. — Quando você olha para mim, quando você me beija. — Antony contorna meu lábio inferior gentilmente com o polegar. Meu coração a ponto de saltar do peito. — Você quer tanto quanto eu. Não minta para si mesma. Seu ciúmes é prova disso.

Bufo, incrédula.

— Céus, você é tão convencido. Eu não estou com ciúmes, não seja ridículo.

— Aham — ele ri. — Não adianta tentar se enganar, Emilia, você sabe. No fundo, você sabe.

Ele me pega de surpresa e sua boca cai sobre a minha novamente. Dessa vez o beijo é mais calmo e termina rápido demais. Antony me solta e abre a porta do armário.

— Se me der licença, preciso ir dar umas porradas no Devaze. Nos falamos depois. Não fuja.

Ele pisca um olho para mim e sai. Me deixando sozinha, ofegante, e meio desnorteada, no armário de limpeza da Cesare.

Cada Vez MaisOpowieści tętniące życiem. Odkryj je teraz