Prólogo

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Nota da autora: Os híbridos nesta fanfic tem aparência humana com rabo e orelhas de bichinho.
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Prólogo

O híbrido de tigre sente os efeitos do sonífero passarem. Sua coleira tilintou quando se moveu.

Suas pupilas se contraíram com a luz que lhe machucava a vista e que passava pelas grades de ferro. Eram luzes de holofotes de um palco.

Havia um homem falando ao microfone. Ele apontava para a jaula enquanto falava com o público.

Era um público pequeno. Poucas cadeiras. Vários perfumes caros diferentes.

As pessoas começaram a levantar plaquinhas redondas com números, e em seguida falavam outros números.

A cada pessoa que falava, a próxima falava um valor mais alto ainda.

O grande felino começou a se agitar na jaula, engatinhando de um lado ao outro naquele lugar sem espaço, procurando com os olhos dourados alguma saída, mas naquele lugar escuro só haviam portas grandes guardadas por seguranças. Sua coleira o apertou no pescoço quando se afastou demais de onde a corrente estava presa.

Mesmo que tentasse fugir caso a jaula fosse aberta e tirassem sua coleira, não iria longe e seria punido por tentar escapar.

Sempre foi assim.

O risco não valia a pena. Não valia o castigo que sempre vem depois.

- Um trilhão de wons! – uma voz se destacou exaltada no público.

O animal agitava a cauda e as orelhas, inquieto. Não estava gostando nada daquilo tudo. Odiava ficar em jaulas. Pelo menos estava vestido e também só com uma coleira, sem correntes nos pulsos e tornozelos, como geralmente ficava.

Não muito tempo depois alguns homens vieram empurrar o carrinho da jaula, o levando para a parte de trás do palco, atrás das cortinas e junto com outras coisas valiosas e antigas.

O tigre não parava quieto, girando na jaula e sentindo a coleira o apertar no pescoço.

Um homem se aproximou da jaula. Ele estava bem vestido e usava perfume caro, assim como todos que estavam à sua frente no palco. O humano se agachou e olhou o híbrido nos olhos.

- Olá. – cumprimentou.

Aquela voz era a mesma que gritou o valor mais alto de dinheiro.

- Qual o seu nome? - o humano perguntou.

Nome?

Há muitos anos não usava seu nome. Talvez nunca tenha sequer respondido àquela pergunta. Permaneceu em silêncio. Não conseguia enxergar direito o rosto do outro lado por causa das grades grossas que os separavam.

- Você não tem um nome? – o humano perguntou. Sua voz era macia. - Devo lhe dar um?

O tigre continuou o encarando na penumbra. Seus olhos brilhavam felinos.

- Tae... – o animal respondeu com a voz fraca.

- Tae?

O tigre levantou o rosto.

- Taehyung. – pronunciou firme.

Taehyung não fazia ideia do quanto sentia saudades do próprio nome.

Talvez até mesmo de usar a própria voz, já que a usara nos últimos anos apenas para chorar, gritar ou rosnar.

O homem se levantou e se referiu a alguém ali perto:

- Abra a jaula.

- Mas senhor... - respondeu outro homem.

- Abra.

O ajudante obedeceu e pegando a chave no bolso, abriu a porta da jaula. O tigre fez um movimento brusco, mas sua coleira o reteve.

- Taehyung, não se mexa, pode se machucar. – o humano com perfume falou.

Tae parou de se debater porque estava machucando o pescoço.

E também porque há muitos anos ninguém o chamava pelo nome.

O homem se agachou outra vez à sua frente, estando há uma distância segura, e dessa vez não havia grade entre eles.

Aquele homem tinha características humanas.

Tinha cheiro humano.

E era humano.

Mas alguma coisa, que Taehyung não sabia dizer o que era, o fazia se parecer com um coelho, ainda mais com aqueles olhinhos redondinhos e preocupados.

- Meu nome é Jungkook. Jeon Jungkook. - contou - Taehyung... eu comprei você. Você compreende isso?

O híbrido virou o rosto.

- Sim. – respondeu sem energia. Não era a primeira vez que era "repassado" pra outro mestre.

- Eu quero te soltar da coleira, mas você vai ter que me acompanhar sem se agitar. Você consegue fazer isso?

Taehyung olhou para os lados. Ele sentia a presença dos homens que o trouxeram até ali, que o paralisariam caso atacasse qualquer um por perto, principalmente seu comprador.

- Não se preocupe, vai ficar tudo bem. – o homem o assegurou. – Eu não vou te machucar, eu prometo.

Taehyung o encarou nos olhos.

Não confiava em humanos.

Nunca o trataram bem.

Não gostava deles.

Mas por algum motivo inexplicável...

Ele se sentiu confortável em confiar naquele humano que parecia um coelho, então ao ter a coleira removida, o híbrido saiu da jaula de forma cautelosa e permaneceu agachado, como o outro a sua frente.

Jungkook levantou a mão e Taehyung se encolheu de reflexo. O humano pareceu perceber o próprio erro e se sentiu inquieto.

- Ah, não. Calma. Eu só vou te tocar. Vê? – apontou com a cabeça para a própria mão e a aproximou com cautela. – Calma.

Jeon aproximou a mão devagar e tocou nos cabelos do tigre.

- Eu não vou te machucar. – assegurou outra vez. – Não tenha medo.

Taehyung não conhecia aquele toque calmo.

Sentiu as mãos quentes o acariciarem no cabelo, nas orelhas, depois no rosto.

Fechou os olhos devagar, sentindo as mãos macias.

E acabou fazendo algo que não fazia há muitos anos.

Ele calmamente...

Ronronou.

O Raro Híbrido de Tigre - TaekookWhere stories live. Discover now