O Raro Híbrido de Tigre - Taekook

Imperfeição

Um dos muitos motivos que levou Taehyung a hesitar em se confessar em público era o fato de que sabia que a mídia ficaria enlouquecida com tudo aquilo. Seu rosto estava em tudo que era artigos, blogs, vídeos, noticiários e outdoors digitais. Quando foi comprar palavras-cruzadas na revistaria, viu na sessão ao lado uma capa com o seu rosto. Foi só olhar as outras revistas e notou que estava em muitas outras capas, todas com fotos e títulos diferentes. Depois de finalizar a compra, soltou um suspiro já que o atendente de caixa o tinha encarado de um jeito bem indiscreto.

Em seus primeiros dias de convivência com Nana, na época que Taehyung nem ler conseguia direito, a governanta o instruiu de que ele não devia confiar em tudo que vê na TV ou na internet. Mesmo sem ter lido todas aquelas revistas com seu rosto, ele sabia que cada uma devia contar uma versão diferente de sua vida. Algumas deviam acusar Jungkook pelos crimes do tigre, outras defendiam o híbrido diante de tudo que passou, outras o chamavam de assassino violento. Ele não se importava com a versão que acreditassem, desde que Jungkook não estivesse envolvido.

Se antes as pessoas já o olhavam por sua existência, agora o encaravam com cochichos. A curiosidade do públuco borbulhava e zunia desconfortavelmente. Pelo visto Tae teria que ficar um tempo em casa, pelo menos até que todas as sessões do julgamento terminassem. Foi proibido de sair do país nesse tempo para evitar possível fuga, e logo seus pais teriam que voltar para a Irlanda. Nana convidou Taehyung para morar com ela quando isso acontecesse, e Jimin também ofereceu sua casa, mas Tae insistiu que queria morar sozinho quando a hora chegasse. Ele e Kook não combinaram nada sobre voltarem a morar juntos, mas como agora Tae não tinha vínculo com ele de acordo com a lei, os dois tinham feito um acordo silencioso de que só voltariam a morar juntos depois de casados.

Assim que a primeira sessão de julgamento acabou, Tae saiu de lá esgotado mentalmente e a primeira coisa que fez foi se deitar no quarto. Um pouco depois que a cabeça encostou ao travesseiro, adormeceu. No andar de baixo, seus pais logo fecharam as cortinas da casa por todos os cômodos para evitar que as pessoas lá fora continuassem a espiar pelos portões de ferro.

Apesar de ainda ser o horário da tarde, foi exaustivo para Tae estar cercado por tantos olhares, e na hora de ir embora, o senhor Tom o ajudou a passar por todos os fotógrafos e curiosos. Os humanos deviam se decidir: Tinham medo dele ou não tinham? Só havia dois extremos no momento, já que ou fugiam dele ou o assediavam com perguntas e fotos. Ele chegou a dormir por seis horas seguidas assim que chegou em casa. Acordou apenas para jantar com os pais, e se deitou para voltar a dormir outra vez. Abraçado a Usa-chan, Tae verificou o celular e leu as mensagens que Jungkook enviou. O namorado perguntou como estava, se estava bem, se precisava de alguma coisa...

Jungkook esteve presente no julgamento daquela manhã pra lhe dar apoio, e Tae sabia que deve ter sido exaustivo emocionamente pra ele também. Tae encarou Usa-chan, depois se levantou da cama.

Jaewoo e Tiger estavam lavando a louça do jantar quando o filho apareceu no andar de cima segurando o coelho de pelúcia.

- Papa Tiger, Papa Jae... - Ele hesitou mexendo nas orelhas de Usa-chan - Queria saber se tava tudo bem eu convidar o Kookie pra dormir aqui em casa hoje...

Os pais se entreolharam e tentaram segurar os sorrisos.

- Pode convidar. - Tiger falou.

- Vou ligar pra ele - Tae saiu para o quarto.

Ali na cozinha, os mais velhos ficaram muito contentes por terem a oportunidade de agirem como pais, mas tentaram disfarçar. A ponta do rabo de Tiger se remexia o denunciando. Jungkook chegou meia hora depois, cumprimentou os mais velhos curvando-se para eles. Carregava uma mochila esportiva nas costas e no rosto mostrava timidez diante dos sogros. Taehyung guiou Jungkook até o quarto no andar de cima, o mostrando pela primeira vez o cômodo. Na sala, o Ursão cochichou para o tigre mais velho: