BÔNUS

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EVA

Depois de passar o dia descansando no quarto, desço a escada para a sala da casa alugada pela primeira vez em uma semana, e fico observando o ambiente frio e formal, decorado com móveis antigos. Faz quinze dias que Moira, arranjou o imóvel, seguindo minhas instruções. A casa tinha que ser afastada da cidade, não me importava que tipo de bairro seria, desde que eu pudesse me refugiar, enquanto me recupero.

Termino de descer os últimos degraus e atravesso a sala,  saindo para fora. Ando devagar na passarela de pedras desgastadas pela corrosão e o tempo, olhando o pequeno jardim, agora abandonado, lentamente sendo tragado pelas ervas daninhas.

Uma chuva fina começa a cair, mas não me importo com os pingos me molhando. É bom sentir que estou viva. Desde que sai do hospital, tenho me sentido estranha. Como se ainda não tivesse recuperado minha própria vida. Talvez deveria agradecer, porque de acordo com médico que fez a cirurgia para desalojar a bala, foi um milagre o tiro não ter sido fatal. Um centímetro abaixo, e a bala teria acertado a jugular. Tenho encarado isso, como uma nova chance, e dessa vez não irei desperdiçá-la.

Dessa vez, foi me concentrar em meus objetivos com muito mais determinação. E dessa vez, com mais eficácia, porque descobri o ponto fraco de Alexander; A mulher e o filho. São eles que vão fazer Alexander desejar morrer, sentir no coração toda dor e desespero, que tenho vivido.

Não terei sossego, enquanto não destruir Alexander, é vital para que eu consiga tranquilidade.

Não posso continuar vivendo, sabendo que ele desfruta daquilo que foi meu, e que seria do meu filho.

Ele não pode ser feliz, enquanto meu filho... Ah meu filho! Me perdoe ... se eu soubesse o quanto isso me machucaria, jamais teria feito o que fiz... apenas prometo que ninguém ocupará seu lugar.

Não me conformo que nessa história, eu seja a que perde tudo. Inconformada, analiso que, não existe justiça nesse mundo. Por isso estou determinada a fazê-la. Mais do que nunca!

Me desfaço dos pensamentos dolorosos ao ver o portão de entrada da casa sendo aberto por um dos seguranças e um carro escuro com vidro fumê, desliza no pátio.

Enfim Bashar El Masry aceitou meu convite para vir à Itália.

O homem é difícil, mas acabou cedendo.

Não foi fácil convencê-lo a vir ao meu encontro.

Respiro fundo preparando-me mentalmente para persuadi-lo a aceitar minha oferta.

Sendo chefe da máfia libanesa, ele é um dos mais poderosos mafiosos do Oriente.

Com a ajuda dele consegui roubar o avião cargueiro da Camorra e levá-lo para Damasco, porém ninguém contava que Alexander descobrisse tudo e fosse resgatar sua carga e o avião.

El Masry na época ficou injuriado, porque segundo ele, perdeu pessoas importantes de sua confiança. Porém havia proclamado que revidaria ao ataque de Alexander em um momento oportuno.

Ele sai da limusine no seu modo imperioso e arrogante de ser, enquanto um dos seus seguranças abre a porta do veículo com um guarda-chuva aberto para protegê-lo dos pingos que estão começando a engrossar.

Com o segurança no seu encalço embaixo do guarda-chuva aberto, caminha com passos decididos, tipicamente masculino.

O homem é um espetáculo da natureza.

Logo lembro a última vez que tive a oportunidade de senti- lo dentro do meu corpo.

Se não estivesse de dieta médica com certeza repetiria a dose.

UMA TRAMA DO DESTINO- RELEITURAOnde as histórias ganham vida. Descobre agora