Capítulo 25

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ALEXANDER

Os meses anteriores foram uma sucessão de dias incríveis. Em cinco meses Rebeca tornou-se tão necessária em minha existência como o a própria necessidade de respirar. Encontro-me no escritório da mansão depois de mais uma reunião turbulenta com os membros da N'drangheta e Camorra. Há muita rebeldia e desconfiança entre os aliados e se tudo continuar no mesmo pé, certamente, cabeças irão rolar. Mas isso é algo que será resolvido em outra instância e em outro lugar. Agora o que ocupa minha mente é meu casamento com Rebeca daqui há uma semana. Recostado na poltrona, atrás da mesa, escuto Norah no corredor. E a seguir noto a  porta sendo aberta. Ela entra no escritório, fechando-a e acena um cumprimento de cabeça, antes de ficar em pé a borda da mesa. Ergo os olhos fixando-os nela, enquanto me ponho a pensar e pressupor que ela não desistiu de chafurdar na lama da destruição. Minha "querida" madrasta está determinada a me convencer de que revelando que fui o causador da morte dos pais de minha noiva, é uma maneira correta de consertar as coisas. Tema que pretendo deixar no esquecimento. Está totalmente fora de âmbito trazê-los a superfície, porque ao meu ver, isso significa estragar a conexão que desfruto com Rebeca.

-- Então... pensou sobre o que falamos? – ela indaga num murmúrio.

Sem responder de início, aponto com um gesto de mão a cadeira a sua frente, onde ela se senta.

-- Pensei. —Respondo com indiferença, descansando um dedo no queixo. Ela puxa uma longa respiração. — E devo dizer que pensei por longas horas. Por isso, cheguei a uma única resposta, e é, Não.

Norah me lança um olhar cheio de ressentimento.

--Pretende passar o resto da sua vida mantendo em segredo que você causou o acidente que matou meu irmão e minha cunhada? Alexander... -- ela une as mãos trêmulas diante dos lábios--, não compreende que agora é necessário que Rebeca saiba a verdade? –Argumenta em uma lamúria chorosa.

-- Nada disso é necessário. -- Retruco literalmente, furioso. – Só vejo tristeza e raiva no futuro.

Ela me olha chocada.

-- O acidente arrasou a vida dela. Ela era apenas uma criança. Precisava dos pais mais do que nunca. E por essa razão entendo que  contar a verdade não é uma solução para nenhum de nós. --Acrescento inflexível.

-Ninguém entende o que ela passou mais  do que eu! -- quase grita--Passamos pelo luto juntas. Foi muito difícil e sei que será difícil para ela saber a verdade.  Mas ela sera capaz de superar.  Eu conheço Rebeca. Ela  é uma pessoa boa por natureza ... e acima de qualquer coisa o ama com todas as forças ... tenho certeza de que assim que contar a verdade, ela o perdoará. Você mesmo disse foi que um acidente.  Pense Alexander! Eu ficarei ao seu lado, dando apoio a você. Esclarecendo o que for necessário. Não gostaria de ter a consciência tranquila?

-- Já disse que não! – esbravejo, batendo com o punho na mesa, erguendo-me de uma vez --E a proíbo que o faça. Quanto a minha consciência não se preocupe, sinto-me totalmente tranquilo desde que tudo permaneça do como está. – Decreto irritado, e com mais calma, acrescento: -- Por mais que Rebeca seja compreensiva, não creio que se afeiçoaria ao homem que provocou a morte dos pais dela! – esclareço sentindo tanta raiva que vejo tudo vermelho.

Ela sufoca o choro com as mãos, mas em seus olhos correm rios de lagrimas.

-- Isso não é justo, Alexander! – queixa-se indignada — Rebeca tem o direito de escolher se quer passar a vida ao lado do homem que destruiu a família dela. Está sendo egoísta em não dar a ela uma alternativa diante da verdade ... Não percebe?

-- Peço que não me perturbe mais com esse assunto, porque não estou disposto a contar sobre aquela noite nem hoje nem nunca! Estamos entendidos? Deixemos as coisas do jeito que estão. Não há necessidade de ficarmos revirando o passado...

UMA TRAMA DO DESTINO- RELEITURAOù les histoires vivent. Découvrez maintenant