CAPÍTULO 46

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REBECA

A porta do cativeiro foi aberta num estrondo seco. No mesmo instante, uma mulher foi jogada para dentro do recinto. Chocando-se contra o chão esburacado, ela geme de dor. O surpreendente, e que a mesma rapidez com que fora praticamente arremessada, ela fica de pé e corre para junto da entrada, os vigias já fechavam a porta. Abro mais os olhos quando a reconheço-Petra! Por que eles a prenderam?

--Não! não! Abram a porta! --- horrorizada, ela arremessa os punhos cerrados contra o ferro maciço-- Eva! Eva! Desgraçada! --seus gritos estridentes ecoam no ar-- Exijo que me tire desse lugar imundo!! O você pensa que está fazendo?! Eva, está me ouvindo? Não pode fazer isso comigo?! - ela continua protestando aos berros, enquanto golpeia a porta.

Sentada ao meu lado na cama, Antonella também parece não crer no que no que estamos vendo.

-- Petra, o que houve? -Antonella pula da cama e se aproxima, quando ela se vira encostando-se na porta. A pouca distância facilita para que eu veja os arranhões em volta dos braços e também no rosto com a maquiagem borrada. O vestido transparente de grife ao qual trajava, estava rasgado e os cabelos uma completa bagunça. Nem lembrava a mulher sofisticada que sempre fez questão de exibir. Ignorando a pergunta de Antonella, ela gira novamente, agredindo a porta.

-- Petra! -Antonella chama seu nome, energicamente. -Não adianta. Eles não vão abrir.

A observação parece ter efeito, porque ela para com as mãos no ar, baixando-as ao redor do corpo. Parecendo chocada, ela fecha os braços em volta de si mesma, como se tivesse com muito frio. Antonella continua em sua frente, aguardando que diga alguma coisa. Mas invés, disso, Petra dirige seu olhar gelado para mim.

--Tudo isso é sua culpa! - seu berro soa cortante. - Por que não teve o bom senso de morrer com seus pais! Você é a razão de todos os meus problemas!

Abruptamente escorrego para fora da cama e com três passadas, paro diante dela.

-- O que eu fiz contra você? - confronto-a num misto de raiva e indignação - Nunca quis seu mal, pelo contrário, torci para que fosse feliz. E assim, me deixasse em paz.

Ela me olha atordoada, ainda mantendo uma expressão de acusação.

--Como eu poderia ter paz? Com você se intrometendo entre mim e Alexander ?-- acusa num tom ultrajado-- ...foi você quem se meteu em nossas vidas! Como eu não percebi que você era perigosa? Como eu não percebi que esperava uma oportunidade para agarrá-lo. Eu a subestimei e paguei caro por isso. Nunca imaginei que não passava de uma vadia oferecida! -- ela berra a ultima ofensa--Você armou direitinho com o apoio de toda a família dele, senão, nunca teriam se casado. - Sua voz contem desprezo mortal.

-- Você não sabe o que está dizendo. -- Rebato, sentindo os joelhos tremendo. - Eu sequer me aproximava de Alexander, antes dele me sequestrar...

-- Não finja que ela a levou a força--Ela grita mais uma vez-- Você quis... e não hesitou em entregar-se, mesmo sabendo que estávamos noivos.

Embora eu tenha me encolhido diante da afirmação ofensiva, me posiciono ereta, tentando não me intimidar.

-- Você decidiu me transformar na vilã da historia que você criou. Porque se sabota, caindo na armadilha do seu próprio cérebro? -revido, enxugando uma lágrima teimosa-distorcer os fatos ao seu favor, deve ser reconfortante para que possa suportar a vida miserável e solitária que tem. Por isso, eu não culpo você por sentir o que sente, a dor quem vem com o fim de um relacionamento é enorme. Pensamos que nunca seremos curados. No entanto, você já deveria ter passado por todos os estágios de um rompimento ... e no fim já devia ter superado essa dor...no entanto, prefere me apontar como a causa do seu fracasso. Eu nao tenho culpa de nada, no fundo... bem no fundo, você sabe... mas como se recusa a aceitar a realidade, prefere viver sob uma ilusão, porque você nao suporta a ideia de que a chance de voltar com Alexander nao existe.

UMA TRAMA DO DESTINO- RELEITURAWhere stories live. Discover now