Capítulo 19

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Alexander

Nunca estive tão perturbado e talvez isso fosse resultado das escolhas que venho fazendo nos últimos tempos e também das emoções que venho experimentando desde, então. sem muita determinação, nas primeiras horas da manhã, entrei no jato particular, rumo a Grécia onde ficaria recluso por alguns dias em minha ilha particular. Este fora o único lugar que me veio à mente quando decidi viajar para assentar os pensamentos. Não presumi que fosse ficar tão deprimido. As impressões de Rebeca ficaram registradas em cada parte da ilha. Trazendo lembranças profundas e inesquecíveis de momentos que partilhamos em completa sintonia. Era tudo perfeito.

Depois de uma semana, a ociosidade e a quietude configuraram-se em momentos sufocantes. Logo percebi que não resistiria por muito tempo. Necessitava de algo estimulante, desafiador e que exigisse o máximo de mim. Lembrei das montanhas do METEORA, do outro lado da ilha. Escalar rochedos e andar pelos vales no meio da floresta habitado por animais selvagens, pareceu exercício que poderia me fornecer um pouco de alivio. Embora, já estivesse um bom tempo sem praticar o esporte. Mas foi só erguer o rosto para as imensas alturas de pedra, senti-me encorajado. Foi como voltar a andar de bicicleta, apesar de exigir de mim, um pouco mais de concentração e destreza. Depois de chegar ao topo do monte, que um dia fora inacessível aos invasores otomanos quando os monges eremitas buscavam refúgio, sentia-me esgotado fisicamente, mas minha mente permanecia fervilhando com necessidade de extravasar e aliviar o estresse. O terrível desânimo ainda me suplantava impiedosamente. E a insanidade estava nublando minha razão. A verdade é que não me agrada sofrer de aborrecimentos emocionais. No entanto, necessitava de um tempo para refletir e obter uma resposta para todos os questionamentos. E Mais uma vez, a inquietação levou-me a prosseguir e me arriscar pelas montanhas do mundo. Escalando os penhascos de Torres Trango no Paquistão. O Valle do Cochamó no Chile e por último as montanhas do parque nacional Yosemite na Califórnia. CONFESSO que o isolamento me fez refletir. E cheguei à conclusão de estava mergulhado em degradação por razões mesquinhas e ambiciosas. Como eu tive coragem de propor a Rebeca uma posição tão indigna? Rebeca é pura, doce e honesta. Nunca se submeteria ao papel humilhante de amante. Bem estava na hora de organizar a bagunça que provoquei. E o caminho é chafurdar na lama um pouco mais.

Ao desembarcar no aeroporto de Nápoles, as oito da noite, Rock já me aguardava. Nos cumprimentamos e rapidamente, seguimos para o estacionamento, onde o carro dele estava parado.

-- E, Petra? -- pergunto causticamente assim que me acomodo no banco da frente ao lado de Rock.

-- Espera por você em minha cobertura - Informa ligando o motor-acho que mal recebeu sua ligação correu esperançosa para o prédio. - Observa com desagrado, olhando para rua.

--Imaginei que seria assim.

Rock permite-se um breve sorriso.

-- Não vai me explicar qual é seu plano? -sonda quando nos misturamos ao trânsito.

-- Vai saber quando chegar a hora. - Respondo vagamente, olhando pela janela.

-- Espero que saiba o que está fazendo. - Retruca ultrapassando uma fileira de carros em uma velocidade surpreendente.

-- Pode acreditar. Tive muito tempo para refletir.

Rock assente, enquanto dirige pelas ruas movimentadas.

Em alguns minutos, ele estaciona o carro no meio fio, em frente ao portão de entrada do prédio de sua propriedade. Me ponho para fora, vendo-o- continuar no banco do motorista.

-- Não vai entrar? -pergunto, baixando o rosto para visualiza-lo.

-- Algo me diz que essa conversa deve acontecer sem uma plateia. -Ele diz com deboche.

UMA TRAMA DO DESTINO- RELEITURAWhere stories live. Discover now