CAPÍTULO 42

181 39 149
                                    

REBECA

O tempo presa nesse lugar tem me dado tempo de sobra para refletir

Ops! Esta imagem não segue as nossas directrizes de conteúdo. Para continuares a publicar, por favor, remova-a ou carrega uma imagem diferente.

O tempo presa nesse lugar tem me dado tempo de sobra para refletir. Refletir sobre a vida e o futuro tão incerto. Acredito que o mesmo tem acontecido a Antonella. E agora, perto do anoitecer, sentadas sobre o peitoril da janela cercadas por grades de ferro maciça, ficamos a contemplar o horizonte. Logo atrás de uma imensa montanha, o sol está se pondo lentamente, criando um lindo espetáculo de cores, entre o azul, o lilás e o vermelho. É um cenário impressionante.

-- Você acha que estão procurando por nós? – Murmuro melancólica com o olhar distante.

--Não sei! – Antonella responde, depois de um suspiro-- Talvez .... ou quem sabe estão seguindo com suas vidas...

-- E se estiverem nos procurando?

-- Eles são orgulhosos e talvez considerem que fizemos nossas escolhas. Mas quem sabe Alexander esteja em sua busca.

--Não acredita que Rock faria o mesmo?

-- Ele vai se casar com outra, então não sou importante.

--De qualquer forma, eu nunca iria sem você.

Ela sorrir com os olhos marejados. Antonella tem sido tão leal e gentil, perseverante nas dificuldades que enfrentamos.

Enfim, o sol se esconde, e mais um dia se foi, sem nada acontecer. Pelos nossos cálculos estamos há quase um mês nesse casarão em ruínas.

Descemos da janela, e sentamos na cama, não mais impressionada com o recinto imundo em que estamos. Telhas quebradas, chão esburacados e paredes descascadas e escuras.

Um relâmpago atravessa a abertura da janela, anunciando uma chuva de verão. Receosas, que o teto desabe sobre nossas cabeças, olhamos para cima ao mesmo tempo, rezando para que não chova. Seguramente ficaríamos empoçadas na lama.

Mas isso não é o pior. O pior é ver o tempo passar e contar cada segundo, enquanto sobrevivemos a uma situação tão desgraçada. É como um pesadelo sem fim.

Logo penso, o que seria da minha existência sem Antonella aqui? Acho que não teria suportado nem um dia. Parece egoísmo da minha parte pensar assim. Mas a situação é tão desesperadora que me nego a imaginar meus dias sozinha nesse quarto assombroso, bizarro e com uma energia negativa de arrepiar.

Durante as terríveis semanas,  temos conversado sobre tudo, até as coisas mais constrangedoras, rido como bobas de qualquer coisa. Para quem acredita que Antonella teve uma vida de princesa da máfia, digo que está muito enganado, na verdade, ela não passa de uma pobre garota nas mãos de um homem desalmado que não soube ser um bom pai E tudo piorou quando conheceu o Rock.

Suspiro descontente e olho para o corpo magro de Antonella, que estar alheia, perdida em  seus pensamentos, em seus olhos as emoções conflitantes são visíveis.

Não há dúvida de que somos duas almas sem rumo, sujeitas as manobras e rasteiras do destino.

Examino seu perfil frágil, no mínimo ela deve ter perdido uns seis quilos. Já era magrinha e agora está um palito.

UMA TRAMA DO DESTINO- RELEITURAOnde as histórias ganham vida. Descobre agora