Capítulo 11

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Rebecca

Ao terminar de ler a matéria, estava gelada, com olhos arregalados e fixos na tela do computador, sem poder acreditar no que estava escrito naquele site.

Com o coração despedaçado, gotas copiosas de lágrimas molham meu rosto.
Em choque, mal consigo respirar, quando apoio as mãos nos braços da cadeira forçando-me a levantar. Ordeno as pernas a andar, procedendo para fora do escritório. Aos tropeços, subo os degraus da escadaria e chego no corredor do andar de cima.
Ao entrar no quarto, me desloco ao banheiro precipitadamente, e adentrando ao compartimento, começo a tirar minhas roupas quase me agredindo, ignorando a imagem reproduzida no ambiente espelhado.
Sem uma peça de roupa, ponho-me debaixo do chuveiro, abrindo as torneiras. E, permito que meu corpo seja lavado. Esfrego-me vigorosamente, como se, com isso pudesse apagar cada toque, cada vestígio dele da minha pele. Meus soluços ecoam altos e meu corpo é sacudido violentamente.
Minutos depois, retornando ao quarto, vestida em um roupão branco, esforçando-me para diminuir a dor e raiva parecendo me consumir, deslizo o corpo sobre a cama, afundando a cabeça no travesseiro.
Toda positividade, esperança e sonhos que alimentei de uma vida feliz com Alexander, dissolvidos como uma nuvem de fumaça. Agora o que é existe, além da dor pungente; é a decepção. Sem poder me controlar, acabo explodindo em prantos novamente. Choro até me sentir esgotada e as pálpebras começarem a pesar.

Ao acordar alguns minutos depois, e lançar os olhos anuviados em volta do ambiente coberto pela escuridão, suspiro desanimada. Ainda levo um longo tempo para me levantar, sentindo-me em estado de letargia. No entanto, o instinto de sobrevivência alerta-me a reagir. Ficar lamentando as decepções de nada vai adiantar. Devagar, me ponho para fora da cama e caminho a janela aberta, onde fico debruçada ao parapeito. Erguendo a vista para o céu, vejo as estrelas surgindo. Por toda a ilha, posso ouvir o farfalhar das folhas e o barulho incessante dos animais. Enquanto, meu coração subsiste apertado. Giro a cabeça, e observo o mar se agigantando em toda a sua dimensão. E, nesse instante, recordo-me das noites que estive com Alexander nesta mesma janela, abraçados e admirando a linda paisagem.

Com desagrado, reconheço que deixei-me iludir ao imaginar que ele terminaria seu noivado por mim. No fundo eu sentia que as coisas entre nós estavam mal resolvidas. A incerteza da nossa relação me atormentava como um fantasma assustador.

Como fui boba! Estúpida!

Respiro fundo mais uma vez, sentindo a brisa suave, e à medida que medito, sobretudo, encorajo-me a agir, agarrando-me aos sentimentos de raiva indignação.
Enfim, exigirei que ele me deixe partir para Nápoles. Não posso permitir que continue me usando. Examinando a situação friamente, considero que é o certo a se fazer.

Um estranho alvoroço toma forma dentro de mim, enquanto me perco em reflexões, fitando o vazio.

Disperso-me das conjecturas, ao escutar repentinamente, o barulho do helicóptero repercutindo distante. E segundos depois, o transporte sobrevoa ao redor da casa, antes de finalmente fazer o pouso.

Ele voltou!

Sinto como se fosse desfalecer junto com a determinação de enfrentá-lo.

Calma! --ordeno a mim mesma.

Por mais que assombrosa onda de emoção cause calafrios por cada uma das células do meu corpo. Preciso encarar a realidade e meus próprios medos. Mesmo que ele se denomine; Alexander Castellari.
Não posso fazer vista grossa para o que em breve acontecerá. Daqui a alguns meses Ele e Petra estarão casados e felizes. E, eu me recuso a fazer parte desse sórdido triângulo.

O sonido das hélices cessa em breve. Provavelmente, Alexander estar encaminhando-se ao interior da residência e, por fim, descobrirá minha indiscrição. Diante da confirmação data do casamento dele com Petra, fiquei tão aterrada e confusa, que fugi do escritório, sem me preocupar em fechar a porta ou desligar o computador. Deixando evidente os rastros da minha pesquisa.
Melhor assim. Não vou precisar gastar vocabulário, pedindo satisfação. Apenas exigirei que me dê a liberdade.

UMA TRAMA DO DESTINO- RELEITURADove le storie prendono vita. Scoprilo ora