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Não podemos

Eu não podia fazer aquilo mais, não podia. Eu já estava cansada demais da mesma coisa, dizia Einstein: "A definição de insanidade é fazer a mesma coisa repetidamente e esperar resultados diferentes". O que adiantava ele me prometer o mundo sendo que no final eu vou chorar pelo o que poderíamos ter sido? Por mais que ele estivesse falando a verdade e admitindo que me amava e que eu o fazia ser ele mesmo, as coisas não poderiam acontecer mais do mesmo jeito. Adam precisava saber que para voltarmos, precisava muito mais que um simples "Eu amo você", ele poderia estar dizendo tudo da boca para fora e estava desesperado demais.

        Precisávamos um do outro, mas isso não dizia que teríamos isso, não mais. Eu queria ficar sozinha! E pela primeira vez, eu não queria um amor, eu queria ficar com minha própria companhia, me remoendo por não ter conseguido o cara que eu queria.

        — Eu te amo, muito, muito... — sussurrei fechando os olhos. — Mas... eu vou ter que sacrificar o nosso amor, vou jogar fora todos os nossos momentos pelo simples fato de estar cansada, Adam. — abri os olhos e algumas lágrimas escaparam.

        — Não faz isso, anjo. — tocou o meu rosto e eu me arrepiei com o seu toque. — Vamos tentar mais uma vez.

        — Adam, só essa semana paramos para tentar várias vezes e nenhuma delas deu certo. Eu preciso de uma garantia que você não vai me magoar ou que não vamos ficar brigando. — passei a língua sobre os lábios e os umedeci.

       — Casais brigam, Mary. E eu sempre vou acabar te magoando. — disse baixo, contra o meu rosto, e grudou nossas testas. — Só me dá mais uma chance, só mais uma.

       O mal era esse, ele implorava por uma segunda chance e falava que poderíamos recomeçar, mas na verdade, continuávamos parado no mesmo lugar, com o mesmo comportamento ruim e tóxico.

      — Eu não posso, não agora. — respirei fundo e olhei para baixo, me separando dele. — Eu quero poder te abraçar e te beijar em público, quero que todas saibam que eu te amo. Mas agora não podemos, você precisa ficar com a Hanna. — olho para a minha mochila que eu nem sei como foi parar no chão.

       — Posso te pedir uma coisa? — ele perguntou e eu assenti a cabeça. — Me dá um último beijo? — concordei com a cabeça com medo.

       Adam passou o polegar pelo meu rosto e me puxou para ele, juntando nossos lábios, e me deixando sentir a textura macia dos seus lábios. Quando sua língua invadiu a minha boca, deixei ele explorar, e eu comecei a tremer de tristeza. As vibrações do meu corpo fez com que as lágrimas descessem, molhando o rosto do Adam também, deixando a marca de tudo o que vivemos ali. Me separei dele, dando uma última olhada para aqueles olhos azuis que eu amava tanto e então, fui embora rapidamente, deixando ele e um pedaço de mim para trás.

       Eu esperaria tempo o suficiente para voltarmos, mas naquele momento, estávamos fazendo mal um para o outro. Adam me marcou muito e mesmo se ele não quisesse mais nada comigo, eu diria que fui feliz com ele, mesmo com as brigas idiotas por coisas idiotas. Eu me dediquei tanto a nós dois, mas não me esforcei o suficiente, fiquei muito tempo pensando no que as pessoa poderiam pensar de nós dois juntos. Adam era o namorado da minha melhor amiga e eu me arrisquei muito me aproximando dele, mexi com fogo, e fui incendida por ele. Adam me saboreou e me levou ao céu. Nossas primeiras brigas bobas, me tirou risadas enquanto eu estava no ônibus, praticamente sozinha no transporte.

       

        Rodei o objeto na minha mão e olhei para Ellie. Ela era uma pervertida!

       — Fala sério! Você não presta. Eu não preciso de uma coisas dessas, Ellize! — levanto o pinto de borracha vibrativo e ela começa a rir.

      — Você está sem transar há três semanas, Mary. — ela colocou a mão sobre o peito e eu revirei os olhos.

       — Eu estou ótima assim! Não sinto falta nenhuma... — dou de ombros. Mentira, eu sentia falta sim.

        Essas três semana foram tensas. Daqui a uma semana entraremos nas férias de inverno e eu não estava nem um pouco empolgada. Esse ano iríamos viajar para a Austrália, para ver a minha avó e a minha tia mais nova, que por um acaso tinha 9 anos.
A Faculdade estava a todo vapor para as provas e eu estava estudando muito, mais do que o normal. Estava encurralada em anatomia, porque deixei a matéria acumular.

       Soube que Adam e Lyan brigaram e ninguém sabia o motivo da briga, eu via eles se encarando no corredor e Lyan só faltava voar no pescoço do Adam.

        Adam... Esse era o nome que eu esqueci por três dias inteiro, sem me preocupar com nada! Mas no quarto, eu lembrei dele, pois o mesmo postou uma foto no Instagram na praia no dia de ações de graça e ao seu lado estava Hanna. Eles não estavam de roupa de banho, já que o inverno tinha chegado. A legenda foi o que mais me incomodou: "Los Angeles cai bem em você, meu anjo". Meu anjo... Aquelas palavras rodaram meus pensamentos e me renderam duas horas de choro e uma dor de cabeça.

       Eu tinha dúvidas do que ele sentia por mim. Adam parecia estar bem e como antes, sem mim. Eu precisei de mais tempo e ele me deu isso, só não sabia que iria doer tanto ficar longe dele. Ellie me disse que ele estava indo 3 vezes por semana a clínica e 2 vezes no psiquiatra. Ela também me informou que ele estava há duas semanas sem usar heroína e que as vezes o pegava fumando maconha no carro, dizia que era para aliviar a tensão. Eu tentava não esbarrar com ele na faculdade e ao menos olhá-lo, não queria lembrar o quanto estava magoada comigo mesma. Aonde Adam ia, eu não pisava os pés, tentando não o ver de qualquer maneira. Peguei-o me observando as vezes e ele logo ia embora.

        E eu, bom, eu estava indo, sozinha e confusa. Pensando no Adam em quase todas as noites e tendo sonhos eróticos com ele, o que me rendia suor e excitação. Eu chorava as vezes no banho e cheguei a socar a parede de raiva, e ganhei um hematoma nos dedos. Todo dia minha mãe perguntava sobre o Adam, a mesma coisa: "Como vocês estão? Ele está bem" e meu pai sempre vinha com: "Chama o Adam para beber uma cerveja comigo, preciso ganhar ele no videogame." E eu sempre respondia a mesma coisa: "Estamos bem, mãe. Ele está indisposto essa semana" " Pai, o Adam está sem tempo!" Eles acreditavam que estávamos juntos, ou pelo menos fingiam, mas eu não ligava.

       — Está pensando nele, não é? — Ellie disse e eu respirei fundo.

       — Estou... — eu sempre estava.

       — Mary, vocês precisam conversar! — ela disse e eu coloquei o meu novo "brinquedinho" em cima da minha escrivaninha.

       — Já conversamos tudo o que tínhamos para conversar. — digo olhando para ela. — E se ele me quiser de volta, sabe o que fazer. Mas acho que o Adam esta curtindo bastante a namorada dele. — uma ponta atingiu o meu peito e respirei fundo.

        É, ele estava bem sem mim.

Pequenas mentiras Where stories live. Discover now