XIII

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     Lyan estava com os braços cruzados e a testa franzida, parado à nossa frente. Eu o analisei bem e ele estava tão surpreso quanto eu. Seu cabelo estava um pouco bagunçado, o que era estranho e seus olhos indecifráveis.

— Lyan... — sussurrei seu nome e abri um sorriso tímido.

       — Que bom encontrar vocês... — ele disse meio sem graça. — O que vocês... estão fazendo aqui?

      Olhei para Adam que encarava Lyan de um tal modo... estranho, bem estranho. Seu rosto não estava sorridente como antes, parecia irritado.

       — Te pergunto a mesma coisa. — Adam disse curto e grosso.

       O repreendi com o olhar e virei o rosto para Lyan, e sorri.

        — Estávamos fazendo o trabalho de literatura inglesa. — expliquei ainda sorrindo — Quer se sentar?

        Lyan abriu a boca para responder, mas foi interrompido pela inconveniência de Adam.

       — Mary, temos que ir logo. — a voz dele saiu tão apressada que mal pude acompanhar.

       — Mas eu quero ficar... — franzo a testa —Eu vim sozinha, não se preocupe.

       Qual era dele afinal? Não queria que eu ficasse perto de Lyan? Não entendi bem...

       — Vamos, por favor... — pediu apoiando as mãos na mesa e deu um impulso se levantando.

       Ele havia pedido "por favor"...  Eu não estava entendendo mais. Seus olhos pediam para que eu o acompanha-se, e tinha um brilho diferente no seu olhar. Engoli em seco me dando por vencida e olhei para Lyan como pedisse desculpas.

Eu me levantei tão rápido que quase cai, um suspiro longo escapou dos meus lábios. Me apressei em tentar em guardar o notebook dentro da mochila, e quase o deixei cair da minha mão quando senti os dois caras me encarando ao mesmo tempo. Isso era tão constrangedor, pensei. Fechei o zíper da mochila olhando para Adam que retirava uma nota de 100 dólares da carteira e colocava em cima da mesa branca. Ali tinha mais que o necessário para pagar o que tínhamos consumido, mas se ele não se importa, quem sou eu para questionar?

      Quando olhei para Lyan, pude-o ver meio sem graça. Ele coçava a nuca com a mão e olhava para algum ponto fixo no chão. Eu quero ficar com ele, sentar-me novamente e conversar sobre tudo que der. Mas uma coisa, lá no fundo, dizia para mim tirar aquela ideia maluca da cabeça e ir seguir caminho com Adam... Eu não estava me entendendo, tudo estava confuso.

Na noite passada, beijei Lyan e confesso que foi o melhor beijo da minha vida. Sua boca ficou tão conectada com a minha e nossos corpos juntos... Depois daquele momento, eu não parei para pensar em nada... Apenas em Adam. Talvez por ele sempre está me irritando.

— Ham... Até breve, Lyan. — coloquei a alça da mochila no meu ombro e fiquei ao seu lado.

Fui até perto dele e fiquei na pontinha dos pés e me inclinei, dando um beijo na bochecha macia dele. Ouvi Adam soltar um suspiro alto para chamar minha atenção e engoli em seco. Saindo dali, junto à Adam, quase tropeçando nos meus próprios pés.

        Fechei a porta da cafeteria e continuei seguindo o Ashworth. Ele pisava duro e andava tão rápido que mal conseguia acompanhar seus passos apreçados. Ele estava irritado, muito irritado, pude perceber isso pela maneira que me encarou quando o mesmo parou do lado da sua Ferrari preta. A porta do carro se abriu sozinha — como eu não tivesse mãos para isso — e foi a minha vez de ficar irritada. Cruzei os braços e me inclinei para entrar no carro. O banco daquele carro era mais macio que a minha cama e eu me sentia nas nuvens com aquele acolchoado.

Pequenas mentiras Where stories live. Discover now